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PIB da cadeia da soja e do biodiesel caiu 5,03% em 2024

O PIB da cadeia da soja e do biodiesel caiu 5,03% em 2024 na comparação com o ano anterior, segundo dados divulgados hoje pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), feitos em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Em coletiva de imprensa, Nicole Renno, pesquisadora do Cepea, disse que o resultado foi pressionado pela quebra da safra da soja no último ano e seus reflexos negativos sobre os agrosserviços. Os pesquisadores destacam, contudo, que a retração no PIB da cadeia produtiva ocorre após o expressivo avanço de 23% verificado em 2023. Com isso, e considerando também os bons resultados fora da porteira em 2024, a cadeia da soja e do biodiesel ainda agregou no ano o segundo maior volume de sua história, atrás apenas de 2023. Apesar da melhora nos resultados do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2024, houve baixa de 3,27% no PIB-renda, que alcançou R$ 650,4 bilhões em 2024. Com esse valor, em 2024, o PIB da cadeia da soja e do biodiesel representou 23,8% do PIB do agronegócio, e ainda 5,5% do PIB nacional. Considerando os valores agregados por tonelada em 2024, o PIB gerado por tonelada de soja produzida e processada (R$ 8.108) representou 4,67 vezes o PIB gerado pela soja produzida e exportada diretamente (R$ 1.738). Mercado de trabalho Em 2024, a cadeia produtiva da soja e do biodiesel registrou diminuição de 3,2% no número de pessoas ocupadas, totalizando 2,26 milhões de trabalhadores, com reduções nos agrosserviços e no segmento primário (soja). A agroindústria da soja teve o maior crescimento, com aumento de 20,71% no número de pessoas ocupadas, refletindo a expansão do processamento e das produções de rações e biodiesel. O segmento de agrosserviços, apesar de ser o maior em termos de ocupação, apresentou queda de 4,98% no número de pessoas ocupadas em 2024. Esse desempenho decorre, sobretudo, da quebra da safra 2023/24 e da consequente redução de demanda por agrosserviços, parcialmente compensada pelo crescimento da produção no segmento agroindustrial.

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Reajuste do diesel chega às bombas; veja o tamanho do impacto para o seu bolso

A queda de 3,3% no preço do diesel anunciada pela Petrobras (PETR3; PETR4), no último dia 18, já teve efeito nos postos de abastecimento, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na média, o diesel caiu 0,6% nos postos espalhados por todo o País na semana de 13 a 19 de abril, contando apenas com dois dias da aplicação do desconto nas refinarias da estatal. A queda é reflexo da redução de R$ 0,12 por litro no preço do diesel pela empresa, que segue outro recuo, de R$ 0,17 por litro em 1º de abril, o que fez o preço médio do litro do diesel comum cair para R$ 6,23, e o S-10 para R$ 6,29 nos postos de abastecimento. No ano, o combustível registra queda de 1,9%, depois de também ter passado por um reajuste para cima de R$ 0,22 por litro, em 1º de fevereiro. O litro do diesel S-10 mais caro foi encontrado em Ourinhos, São Paulo, a R$ 8,99 o litro, e o mais barato a R$ 5,49 em Lins, no mesmo estado. Gasolina mais cara No caso do preço da gasolina, que não é reajustada há 288 dias pela Petrobras, o preço médio de venda nas refinarias registrou ligeira alta, de 0,15% na semana passada, ficando com preço médio de R$ 6,32 o litro, segundo a ANP. O combustível, na sua versão comum, ultrapassou os R$ 8,00 o litro em São Paulo, tanto na capital como nos municípios de Tatuí e Barueri, atingindo R$ 8,79 por litro, de acordo com a ANP.

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Preço da gasolina fica estável, enquanto diesel cai nos postos na 1ª quinzena de abril, diz pesquisa

O preço da gasolina ficou estável na primeira quinzena de abril, enquanto o etanol e o diesel S-10 registraram quedas, informa o Panorama Veloe de Indicadores de Mobilidade, desenvolvido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O diesel S-10, menos poluente e mais vendido, teve a maior redução no período, de 1,36%, com preço médio de R$ 6,39 o litro, puxado pela redução anunciada pela Petrobras em 1º de abril. De acordo com o balanço, o preço médio nacional do diesel S-10 atingiu seu maior patamar na segunda semana de fevereiro, a R$ 6,54 por litro. Desde então, a trajetória tem sido de queda, destaca o Veloe, um hub de mobilidade e gestão de frota criado em 2018 pelo Banco do Brasil e Bradesco. eldquo;O resultado foi, ao menos em parte, influenciado pela redução promovida pela Petrobras nos preços nas refinarias logo no início de abril (dia 1º), que reduziu o valor em R$ 0,17 por litroerdquo;, informa. Em 18 de abril, a estatal concedeu uma nova redução no diesel, da ordem de 3,3%, o que deve reduzir ainda mais o preço do combustível. O levantamento mostra também que os demais combustíveis analisados emdash; gasolina comum e etanol emdash; apresentaram reduções nos seus preços nesse mesmo intervalo. No caso do combustível fóssil, a queda do preço médio nacional foi de 0,02%, passando de R$ 6,45 para R$ 6,41 na segunda semana de abril. Quanto ao biocombustível, a redução foi de 0,51%, passando a média de R$ 4,45 para R$ 4,39 por litro. No caso da gasolina comum, as quedas mais acentuadas envolveram postos do Distrito Federal, da ordem de 2,6%, seguido pelo Rio Grande do Norte, com baixa de 1,9%; e Goiás, de 1,7%. Já no sentido contrário, Alagoas teve a maior alta do produto, de 2,6%, seguido pelo Ceará, em alta de 2,5%. Para o etanol, as reduções mais expressivas foram encontradas em Goiás, de 4,4%; Distrito Federal, com menos 2,4%; e Rio Grande do Norte, queda de 1,4%. No Ceará foi encontrada a maior alta, de 4,9%, próxima a do etanol vendido no Piauí, que subiu 4,8% nos primeiro quinze dias de abril. No diesel S-10, as reduções foram mais generalizadas, destacando-se os valores médios no Rio Grande do Sul, de 2,2%; Tocantins, de 2,1% e Piauí, de 1,8%. O Amapá e Alagoas foram os únicos estados que registraram alta do combustível, de 2,4% e 1,5%, respectivamente.

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Carros cada vez mais velhos e ainda com poucos elétricos: como está a frota brasileira de veículos

Após quatro anos seguidos de crescimento abaixo de um dígito, a frota brasileira de veículos aumentou 2% no ano passado em relação a 2023, o melhor desempenho desde o período pré-pandemia. Circulam pelo País atualmente 48 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Descontado o porcentual que deixou de rodar por perda total em acidentes ou desmanches, as cidades brasileiras receberam mais 5,1 milhões de veículos em uma década. Entre os automóveis, que representam 82% desse total, destaca-se a alta da participação dos modelos híbridos e elétricos, de menos de 0,1% em 2019, quando apareceram pela primeira vez nas estatísticas, para quase 1% em 2024. Embora seja uma fatia ainda pequena, a evolução desses modelos tem sido constante. Em uma década, os eletrificados em circulação pelo País passaram de 2,9 mil para 388,2 mil, um crescimento médio anual de 71,3%. Em razão dessa demanda, sobretudo por modelos elétricos que ainda não são produzidos no País, houve significativa aceleração nas importações, especialmente da China, maior fabricante mundial de veículos eletrificados. Da frota brasileira, 7 milhões de veículos são importados, o equivalente a 14,7% do total. É a maior participação desde 2018, segundo relatório anual feito pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), antecipado pelo Estadão. Sustentável e econômico Na conta está o , que o diretor de produtos Bruno Calais Christians, de 34 anos, passou a usar no início de março, em sua primeira experiência com um carro elétrico. Nesse pouco tempo, ele relata as vantagens do novo veículo. eldquo;É confortável, gostoso de dirigir, silencioso e sustentávelerdquo;, diz Christians. Ele também calcula uma economia de cerca de R$ 1 mil por mês com uso de energia em relação ao consumo de gasolina do outro carro da família, uma picape Toro. Christians instalou uma tomada específica na garagem da casa, na zona Oeste da capital paulista, onde carrega a bateria à noite. Como o carro tem 400 km de autonomia e é usado principalmente para ir ao trabalho e em viagens não muito longas com a família aos finais de semana, o carregamento ocorre em média uma vez a cada dez dias. eldquo;E ainda tem a vantagem de não precisar parar várias vezes no posto para abastecer.erdquo; Mais velha Atribuído à expansão da atividade econômica, à queda do desemprego e ao aumento da renda da população, o crescimento da frota não significa, contudo, uma renovação dos veículos que circulam pelo País nem uma melhora importante, por enquanto, no processo de descarbonização com a chegada mais forte dos eletrificados. A frota atual tem idade média de 10 anos e 11 meses, a maior desde 1992. Separada, a de automóveis é ainda mais velha, com idade média recorde de 11 anos e 2 meses. eldquo;A introdução de novos veículos ainda não é suficiente para promover uma renovação e, por isso, a frota continua envelhecendoerdquo;, diz George Rugitsky, diretor de Economia e Mercado do Sindipeças. Automóveis com até cinco anos de uso, chamados de seminovos, tiveram sua participação reduzida de 37,6% em 2015 para 20,6% no ano passado. Em contraponto, a de modelos com 11 a 15 anos passaram de 15,2% para 31%. Nos últimos três anos, é nessa faixa que está a maioria dos carros de passeio que rodam pelo Brasil. O estudo sobre a frota circulante tem como foco justamente a avaliação potencial de mercado para fabricantes de peças de reposição para os modelos mais antigos. Segundo o Sindipeças, a participação maior na frota de veículos com idade superior a dez anos pode ser explicada pelos preços mais altos dos automóveis, em parte justificados pela introdução de novas tecnologias e mais itens de segurança. A classe média com poder de compra migrou para os utilitários esportivos (SUVs), que responderam por 48% das vendas de carros novos em 2024. Já o consumidor de baixa renda, antes comprador de carro popular em várias prestações, buscou as motocicletas como alternativa. A frota dos veículos de duas rodas, que registrou quedas consecutivas por seis anos a partir de 2016, iniciou movimento de alta em 2022, quando cresceu 1,3%. Manteve a trajetória no ano seguinte, com alta de 1,7%, e em 2024 teve um salto de 5,7%, chegando a 14 milhões de unidades. A idade média é de 8 anos. Antes do ciclo de queda, em 2015, era de 6 anos e 5 meses. Além da questão econômica e das condições não muito propícias para o financiamento eminus; que dificultam para muitas pessoas a troca por um carro mais novo eminus;, o Brasil não tem estruturado um programa de reciclagem dos veículos velhos, ressalta Carolina Godoy, sócia e líder do setor automotivo da PWC Brasil. eldquo;Não adianta, por exemplo, trocar um veículo de 15 anos por um mais novo se ele não for para a reciclagem, pois não se estimula a renovação da frota.erdquo; Segundo Carolina, só os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul estão começando a discutir legislações para reciclagem de veículos. Para ela, se o País não tiver uma evolução nesse tema, os próximos relatórios do Sindipeças devem continuar mostrando um envelhecimento da frota. eldquo;Será mais fácil observar uma mudança no mix entre veículos a combustão e elétricos, que devem aumentar sua participação, do que a renovação da frota.erdquo; Pessoas x carros A relação entre o número de habitantes por veículo, que vem apresentando decréscimo há uma década, fechou 2024 em 4,4 pessoas por carro, número que envolve toda a população. Se for levada em conta somente as pessoas economicamente ativas, a relação cai para 2,3. O comparativo é sempre decrescente porque a taxa de crescimento da frota é maior do que a da população, explica Rugitsky. eldquo;Desde que o crescimento populacional começou a estagnar e a população está envelhecendo, a tendência é que essa curva continue decrescendo.erdquo; Em relação a outros países, que só fazem o comparativo pela população total, o Brasil está bem próximo da China, que tem 4,3 habitantes por veículo, atrás de países como Argentina (2,6) e França (1,4) e bem à frente da Índia (15,5). De acordo com Rugitsky, para que as condições do Brasil sigam melhorando, é preciso avançar em desafios como os da infraestrutura para, por exemplo, evitar frequentes congestionamentos, e melhorar as condições da mobilidade urbana. eldquo;A indústria não enfia veículo goela abaixo da populaçãoerdquo;, diz o executivo. eldquo;Ela demanda e a indústria se ajusta ao tamanho dessa demanda.erdquo; Para ele, se o País tivesse transporte coletivo superior ao que tem hoje, a demanda por carros em cidades como São Paulo seria menor. Tarifaço do Trump Sobre eventuais impactos no setor automotivo do tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump (no momento suspenso para todos os países exceto a China), Rugitsky avalia que um dos principais riscos é o Brasil começar a receber mais produtos de países como China e México que devem tentar desviar suas produções excedentes para o mercado brasileiro. Empresas chinesas já estão fazendo isso, ressalta o diretor do Sindipeças. eldquo;Elas estão inundando os mercados que ainda têm uma determinada abertura comercial, como o Brasilerdquo;. Segundo ele, com o aumento de importados, a produção local cai, afetando as montadoras, as autopeças e os empregos. O Sindipeças está ao lado da Anfavea (associação das montadoras) no pleito para o governo antecipar a cobrança de 35% de Imposto de Importação para carros elétricos e híbridos (prevista para julho de 2026). eldquo;Nosso pleito é voltar imediatamente para 35%, e eventualmente até aumentar, pois se não for assim provavelmente a China vai dominar esse mercado como tem dominado outros continentes.erdquo;

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Prejuízo com fraudes no Pix cresceu 70% e foi de R$ 4,9 bi em 2024

As fraudes no Pix causaram prejuízos de R$ 4,941 bilhões no acumulado de 2024, segundo dados do Banco Central obtidos pelo Estadão/Broadcast por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O montante é 70% superior ao observado em 2023, quando foram registradas perdas de R$ 2,911 bilhões devido a fraudes no sistema de pagamentos. Os dados se referem a devoluções de valores solicitadas por usuários e instituições participantes do Pix após uma fraude ter sido constatada, mas que não puderam ser retornados. As razões para que uma devolução não seja efetivada incluem, por exemplo, o encerramento da conta do recebedor ou falta de saldo. Ao todo, 3,452 milhões de solicitaç ões a c a bar a m r e j e i t a das por esses motivos em 2024. Em alta As notificações de fraudes no Pix ultrapassaram a média de 390 mil por mês em 2024 Em nota, o Banco Central afirmou que eldquo;trabalha constantemente para fortalecererdquo; a segurança do Pix. Segundo a autarquia, a segurança é um dos pilares do sistema de pagamentos e será aprimorada com o mecanismo de devolução, que está em desenvolvimento e deve ser lançado em fevereiro de 2026. eldquo;Atualmente, o BC está trabalhando no aprimoramento do mecanismo de devolução do Pix endash; (Mecanismo Especial de Devolução - MED 2.0): possibilidade de rastreamento e recuperação de valores de contas que recebem recursos da conta originalmente utilizada para a fraude, restringindo o uso de triangulação de valores pelos fraudadores (rápido envio de recursos para outras contas, após a efetivação de um golpe) eminus;, funcionalidade em desenvolvimento, com previsão de lançamento em fevereiro de 2026erdquo;, diz o BC. EVOLUÇÃO. Como mostrou o Estadão/Broadcast no início do mês, as notificações de fraudes no Pix têm crescido e ultrapassaram a média de 390 mil por mês em 2024, após terem atingido 216.046 por mês em 2023. Apenas em janeiro deste ano, último mês com informações, 324.752 notificações de fraude foram analisadas e consideradas procedentes pelas instituições. O manual operacional do Diretório de Identificadores d e Contas Tr a ns a c i o na i s (DICT), base que armazena as chaves Pix, define fraudes como quaisquer transações iniciadas ou autorizadas pelo pagador devido a um golpe ou estelionato; iniciadas sem que o pagador tenha autorizado a transação; iniciadas por um terceiro, sem reconhecimento do usuário; ou iniciadas pelo usuário mediante coerção ou extorsão. Após uma notificação de infração ser aceita e fechada, é criada uma solicitação para a restituição dos valores. A esmagadora maioria das rejeições de devolução ocorre porque a conta que recebeu os valores por meio de fraude estava sem saldo no momento em que o retorno das transferências foi solicitado, mostram os dados do BC. Outras razões endash; como o encerramento da conta recebedora e motivos não especificados endash; têm participação residual no total, de menos de R$ 1 bilhão por ano. Os números podem representar um indicativo do uso das chamadas contas de passagem, ou contas-laranja. São contas que os donos eldquo;emprestamerdquo; para os criminosos fazerem o escoamento do dinheiro proveniente de golpes e fraudes, geralmente por meio de uma teia de transferências montada para ocultar ou dificultar a localização do beneficiário final do dinheiro ( mais informações na pág. B2). O dado fechado de 2024 ainda é pequeno em comparação com o total de transações feitas no Pix. No ano passado, o sistema de pagamentos do BC movimentou um total de R$ 26,403 trilhões. As perdas com fraude representaram 0,019% desse total. ebull; De acordo com os bancos, as chamadas contas de passagem, ou contas-laranja endash; que costumam ser utilizadas no esquema de fraude a usuários do Pix endash;, em geral são aquelas que o titular usa pouco ou não usa. Por meio de grupos em aplicativos de mensagens ou redes sociais, quadrilhas buscam essas contas oferecendo valores para eldquo;alugá-laserdquo; para o crime. Os valores podem chegar a R$ 10 mil, a depender das eldquo;funcionalidadeserdquo;: uma conta com limite de crédito, por exemplo, vale mais que uma sem limite. eldquo;A grande maioria faz um empréstimo consciente, conivente com o golpe. Existem dois métodos, mas o consciente é esmagadoramente maiorerdquo;, disse o superintendente de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco, Victor Thomazetti. O outro método de captura de contas é por meio da abertura à revelia do titular, ou seja, sem que ele saiba endash; e que, em geral, usa documentos e informações obtidos em vazamentos de bases de dados. Segundo ele, esse é um dos três maiores problemas de segurança na atualidade. Na visão das instituições financeiras, a abertura de contas por meios digitais pode abrir brechas para fraudes e para a proliferação do aluguel de contas-laranja. O BC aumentou o escrutínio dos processos após uma fiscalização em todo o mercado, realizada em 2022, mirando possíveis fragilidades na verificação de identidade e riscos. eldquo;A grande maioria (dos titulares de contas usadas no esquema) faz um empréstimo consciente, conivente com o golpeerdquo; Victor Thomazetti Superintendente de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco De acordo com Thomazetti, o Itaú fecha imediatamente contas que identifica estarem sendo utilizadas como contas de passagem. O setor defende punições a usuários que cedam contas de modo voluntário, com o banimento deles do sistema financeiro por um período de cinco anos. FRAUDADORES. Segundo os dados do BC obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), na maior parte das fraudes de 2024 a conta usada para receber os recursos estava no nome do próprio fraudador. Do total de 1,223 milhão de marcações de fraudes para usuários recebedores de recursos feitas no ano passado pelas instituições participantes do Pix, 459.578 (38%) receberam a categoria eldquo;scammer accounterdquo;, que designa esses casos. Outras 328.945 (27%) foram marcadas como eldquo;mule accounterdquo; endash; o equivalente a contas-laranja, no jargão do manual operacional do Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), base que armazena as chaves Pix. Só 1% foi designada como eldquo;application frauderdquo;, o nome usado quando há falsidade ideológica na abertura da conta. Outras 422.932 marcações (35%) ocorreram por outros tipos de fraude. Nesses casos, as instituições são obrigadas a fornecer informações sobre a notificação, mas essas avaliações qualitativas não foram fornecidas ao Estadão/Broadcast. As marcações de fraude têm o objetivo de identificar o fraudador no DICT, e podem ser originadas a partir de uma notificação de infração ou de outros casos. ebull;

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Lula e ONU cobram urgência para novas metas de emissão antes da COP30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, comandaram, nesta quarta-feira (23), uma reunião virtual com um seleto grupo de líderes globais para tentar destravar a agenda climática em um momento de tensão geopolítica crescente. Um dos principais pontos da agenda foi um apelo para que os países acelerem a apresentação de suas novas metas climáticas, trazendo objetivos ambiciosos de redução de emissões de gases de efeito estufa. A maioria dos signatários do Acordo de Paris descumpriu o prazo inicial de submissão, que venceu em fevereiro. O Brasil, segundo país a entregar seus compromissos, trabalha agora para que os países apresentem seus planos a tempo de serem incluídos nas discussões da COP30, a conferência do clima da ONU, que acontece em novembro no Pará. A minicúpula virtual reuniu 17 chefes de Estado e de governo, e teve uma particularidade: além das grandes economias globais, também foram convidadas algumas das nações mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global. Maior emissor de gases de efeito estufa e segunda maior economia do mundo, a China foi representada por seu presidente, Xi Jinping. Do lado da União Europeia, participaram Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e António Costa, presidente do Conselho Europeu. Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha, e Emmanuel Macron, presidente da França, também estiveram no encontro. A lista de presença inclui ainda os líderes de Angola, Barbados, Chile, Malásia, Ilhas Marshall, Nigéria, Palau, Quênia, Tanzânia, Turquia e Vietnã. Em declarações após a reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que, apesar da diversidade dos líderes presentes, houve convergência nas discussões. "Eu ouvi uma mensagem unificada: sim, o nosso mundo enfrenta ventos contrários intensos e uma multiplicidade de crises, mas não podemos permitir que os compromissos climáticos saiam do rumo", disse. "Precisamos continuar construindo impulso para a ação rumo à COP30 no Brasil, e o dia de hoje foi uma parte importante desse esforço", completou. A intervenção do presidente da China, Xi Jinping, foi bem-recebida pela ONU e por diplomatas brasileiros. Em uma clara oposição ao que vem sendo a postura do governo de Donald Trump emdash;que anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, praticamente acabou com o financiamento climático e impôs constrangimentos a projetos de energias renováveisemdash;, o líder chinês defendeu o multilateralismo, o combate às alterações climáticas e o auxílio financeiro aos países vulneráveis. "Independentemente de como o mundo possa mudar, a China não desacelerará suas ações climáticas, não reduzirá seu apoio à cooperação internacional e não cessará seus esforços para construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade", afirmou Xi. Além da retórica, diplomatas comemoraram também a antecipação de detalhes mais concretos sobre o novo plano de redução de emissões da China, incluindo a previsão de que ele seja divulgado antes da COP30. As contribuições nacionalmente determinadas, mais conhecidas pela sigla em inglês NDC, são compromissos voluntários assumidos por cada país no âmbito do Acordo de Paris, que indicam as metas de redução de gases causadores de efeito estufa e o plano a ser adotado para cumprir esse objetivo. "A China anunciará suas NDCs para 2035, abrangendo todos os setores econômicos e todos os gases de efeito estufa, antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Belém." O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou o anúncio do líder chinês. "A China não apenas anunciou que irá elaborar sua nova NDC, como o presidente Xi afirmou que esse documento abrangerá todos os setores da economia e todos os gases de efeito estufa. Foi a primeira vez que a China esclareceu esse ponto, e isso é extremamente importante para a ação climática", afirmou. O presidente Lula, por sua vez, aproveitou para pedir aos líderes presentes que haja maior ambição e comprometimento na elaboração das NDCs, relembrando a responsabilidade diferenciada dos países desenvolvidos. "A arquitetura de preparação das NDCs é suficientemente flexível para combinar metas ambiciosas e as necessidades de desenvolvimento de cada Estado. Os países ricos, que foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono, precisam estar à altura de suas responsabilidades", disse. "Negar a crise climática não vai fazê-la desaparecer. Precisamos assegurar que o multilateralismo e a cooperação internacional sigam como pedra angular da resposta global à mudança do clima. No Brasil, quando queremos mobilizar esforços em torno de um objetivo comum, utilizamos uma palavra de origem indígena chamada e#39;mutirãoe#39;. Queremos fazer da COP30 um grande mutirão em prol da implementação dos compromissos climáticos", afirmou o presidente. Desde o começo do ano, o governo do Brasil vem se empenhando para tentar manter a agenda climática e as prioridades a serem trabalhadas na COP30 no centro das atenções mundiais. Uma missão particularmente difícil no atual contexto geopolítico. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou que o Brasil e a ONU convocarão, ao longo do ano, uma série de eventos "voltados ao engajamento de lideranças jovens e religiosas, artistas, povos originários, cientistas, tomadores de decisão, em torno de um novo pacto ambiental para o planeta." Está previsto ainda um grande evento em Nova York em setembro, na reta final para a conferência em Belém. Diante dos atrasos na apresentação das NDCs, as Nações Unidas também estão trabalhando com setembro como uma espécie de novo prazo informal para a entrega dos documentos. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reafirmou a intenção brasileira de que a conferência no país seja de implementação do que já foi decidido nas COPs anteriores, incluindo triplicar o uso de energias renováveis, a transição para o fim do uso dos combustíveis fósseis e o acesso ao financiamento climático.

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