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Espera por Margem Equatorial custa R$ 4 milhões por dia, diz federação

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou nesta segunda-feira (28) a demora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em decidir sobre a exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial. Órgão do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Ibama reconsidera um pedido da Petrobras para explorar petróleo na região, tida como um novo pré-sal, por causa do potencial reservatório que se acredita haver na região. Em comunicado à imprensa, a FUP afirma que não há justificativa técnica por parte do Ibama para postergar para 12 de agosto uma reunião com a Petrobras sobre o planejamento da Avaliação Pré-Operacional (APO) na Margem Equatorial. A APO é a última etapa do processo de licenciamento ambiental e simula uma situação de emergência por vazamento de óleo. eldquo;Por que da protelação do Ibama?erdquo;, questiona o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. Para ele, o Ibama eldquo;está retardando o processo de licenciamento e impondo custos adicionais ao país de mais de R$ 4 milhões por dia com o aluguel de sonda de perfuraçãoerdquo;. Bacelar afirma que o equipamento está parado no litoral do Pará há mais de 20 dias, à espera de autorização do Ibama para realização do simulado preventivo. Para o dirigente da FUP, a reunião poderia ocorrer ainda nesta semana. eldquo;Bastaria o Ibama marcar a APOerdquo;, disse Bacelar, que reconhece a importância do aval do Ibama. eldquo;O Ibama é um órgão importante, com corpo técnico sério e competente.erdquo; Procurado pela Agência Brasil, o Ibama explicou que a Petrobras sugeriu a antecipação da reunião em oito dias, mas o instituto reiterou a data de 12 de agosto, eldquo;uma vez que já há inúmeras atividades preparatórias em curso para realização da APOerdquo;. O Ibama informou ainda que continua empenhado em contribuir para o eficiente andamento do processo de licenciamento ambiental, sempre balizado pelo rigor técnico e processual necessário, sobretudo para uma região com as características ambientais da bacia da Foz do Amazonas. Petrobras A Margem Equatorial ganhou notoriedade nos últimos anos por ser tratada como nova e promissora fronteira de exploração de petróleo e gás. Descobertas recentes de petróleo nas costas da Guiana, da Guiana Francesa e do Suriname mostraram o potencial exploratório da região, localizada próxima à linha do Equador. No Brasil, a área se estende do Rio Grande do Norte até o Amapá. A Petrobras tem poços na nova fronteira exploratória, mas só tem autorização do Ibama para perfurar dois, na costa do Rio Grande do Norte. A exploração é criticada por ambientalistas, preocupados com possíveis impactos ao meio ambiente. Há também a percepção de especialistas de que se trata de uma contradição à transição energética, que preza por menos combustíveis fósseis e mais energia renovável, que emitam menos gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. A busca pela licença de exploração de petróleo no bloco FZA-M-59 começou em 2013, quando a petrolífera multinacional britânica BP arrematou a licitação da área. Por decisão estratégica, a companhia repassou a concessão para a Petrobras em 2021. Em maio de 2023, o Ibama negou a licença para outras áreas, como a da Bacia da Foz do Amazonas, conhecida como bloco FZ-AM-59. A Petrobras pediu ao Ibama uma reconsideração e espera uma decisão. A Petrobras insiste que a produção de óleo a partir da Margem Equatorial é uma decisão estratégica para que o país não tenha que importar petróleo na próxima década. Em entrevista em outubro de 2024, a diretora de Exploração e Produção (Eeamp;P) da Petrobras, Sylvia Anjos, criticou a espera, que aumentava os custos da companhia. A estatal tem afirmado que seguirá padrões de segurança para evitar acidentes ambientais e frisa que, apesar do nome Foz do Amazonas, o local fica a 540 quilômetros da foz do rio propriamente dita. Em abril, a Petrobras informou que concluiu uma das últimas exigências do Ibama, a instalação de um centro de tratamento de animais em Oiapoque, no Amapá, para o caso de derramamento de óleo. Uma estrutura similar funciona em Belém. Apesar de não haver ainda a licença ambiental, em junho, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão regulador da atividade, leiloou novos blocos exploratórios na Foz do Amazonas.

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Mercado de biocombustíveis irá crescer cinco vezes até 2050

O Brasil consolida sua posição como um dos maiores produtores de biocombustíveis do mundo, com perspectivas promissoras para liderar a transição energética global no setor de transportes. Em 2023, a produção nacional atingiu aproximadamente 43 bilhões de litros de biocombustíveis, divididos entre 35 bilhões de etanol e mais de 7 bilhões de biodiesel. O impacto positivo dos biocombustíveis já é evidente no transporte urbano terrestre. O B20, combustível que contém 20% de biodiesel em sua composição, conseguiu reduzir em até 70% as emissões operacionais de gás carbônico da frota nacional de ônibus, evitando o lançamento de 2 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera anualmente. Novas fronteiras no setor O SAF (combustível sustentável de aviação) e os combustíveis marítimos verdes surgem como novas oportunidades para o Brasil expandir sua participação neste mercado. Apesar do setor ser considerado um dos mais desafiadores para descarbonizar, o país possui vantagens competitivas significativas. Uma dessas vantagens é o programa de recuperação de pastagens degradadas, que prevê a recuperação de 40 milhões de hectares. Esta iniciativa pode fortalecer ainda mais a posição do Brasil no cenário internacional dos biocombustíveis. Para estabelecer bases sólidas no setor, empresários e organizações do terceiro setor lançaram recentemente a Declaração Conjunta para Biocombustíveis Sustentáveis. A iniciativa visa promover soluções para a descarbonização do transporte internacional, estabelecendo critérios para certificação da produção e criando fundamentos para políticas públicas e financiamentos.

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Jovens brasileiros desdenham da CLT

eldquo;Tenho medo de ser CLT.erdquo; A frase inicia dezenas de relatos que se multiplicam nas redes sociais, principalmente de jovens que ainda não ingressaram no mercado de trabalho. Em muitos vídeos, as pessoas questionam se vale a pena fazer longos trajetos no transporte público para ganhar salários considerados baixos. Também há reclamações sobre falta de flexibilidade, autonomia e oportunidades para crescer. O movimento é polêmico e acendeu o debate sobre o que está por trás da crítica ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943 durante o governo Getúlio Vargas com o objetivo de unificar a legislação trabalhista brasileira. eldquo;Você já parou para pensar que trabalha de segunda a sexta-feira, o faturamento da empresa dobra e você continua recebendo o mesmo salário e quem está enriquecendo é o seu chefe?erdquo;, provoca a estudante Maju Abreu em um vídeo publicado no TikTok. Nos comentários da publicação, as opiniões divergem. eldquo;Não gosto de CLT porque na maioria dos lugares em que trabalhei fui tratada com estupidez e grosseriaerdquo;, escreveu uma usuária. Outra disse: eldquo;Pior que hoje tem que ter sorte de conseguir CLT, o subemprego é piorerdquo;. Já uma terceira comentou: eldquo;Sonhar é preciso, mas viver a realidade também. Hoje a maioria trabalha com carteira assinada, nem todo mundo quer ser empreendedorerdquo;. IDEALIZAÇÃO. Para Maria José Tonelli, professora do Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da Fundação Getulio Vargas (FGV), há uma fantasia na sociedade de que, ao seguir outros caminhos, como trabalhar como influencer, é possível ganhar mais dinheiro em menos tempo. A professora explica que esse discurso se contrapõe ao percurso tradicional dentro de uma empresa, que costuma exigir anos de trabalho para alcançar reconhecimento e nem sempre é garantia de uma carreira bem-sucedida. Os primeiros problemas no tradicional sistema de carreira, estruturado após a Segunda Guerra Mundial, começaram a surgir nos anos 1990. Naquele período, a economia global encarou demissões em massa, e a ideia de que o emprego duraria a vida toda passou a perder o sentido. Por isso, apesar do hype atual contra a CLT nas redes, a professora avalia que o eldquo;desencantoerdquo; com o modelo formal de trabalho se arrasta há décadas. No entanto, alguns fatores intensificaram o cenário de instabilidade. A professora Maria José diz que a pandemia escancarou a exaustão e os episódios de sofrimento mental no trabalho, além de ter acentuado a volatilidade nas empresas. DESCONHECIMENTO. Na perspectiva do professor da FEAUSP e pesquisador em relações de trabalho Arnaldo Mazzei, a situação foi agravada antes mesmo do contexto pandêmico, com a reforma trabalhista de 2017. eldquo;Desestruturou completamente a CLT, permitindo toda e qualquer forma de contratação precária de trabalho.erdquo; O apelo das redes sociais, de acordo com Mazzei, seduz mais os jovens que buscam flexibilidade. No entanto, eles não compreendem os direitos envolvidos em um contrato CLT, como férias, licença-maternidade, 13.º salário e fundo de garantia, diz o pesquisador. O professor atribui a viralização desse discurso a campanhas articuladas por setores conservadores com atuação digital. Na contramão do boom de críticas, pessoas comuns e figuras públicas endossam o coro em defesa da CLT. O ex-BBB e economista Gil do Vigor publicou um vídeo comentando que, embora ser eldquo;PJ (pessoa jurídica) não seja ruimerdquo;, a CLT é uma forma de resguardar o trabalhador. eldquo;Geralmente (o trabalho formal disponível no mercado) é de uma precariedade enorme. A pessoa acaba preferindo outras formas de obter rendaerdquo; Arnaldo Mazzei Professor da FEA-USP A criadora de conteúdo Fabiana Sobrinho publicou um vídeo com a filha pré-adolescente que diz ter medo de ser CLT por associar isso a eldquo;pegar ônibus todo diaerdquo;. No vídeo, a mãe questiona a filha sobre os motivos que a fazem rejeitar a ideia de um dia trabalhar sob o regime de contrato formal. TRABALHADORES CLT. No Brasil, 39,3 milhões de trabalhadores informais atuam como autônomos sem CNPJ, ou sem carteira assinada. Já o número de empregados com carteira assinada no setor privado é ligeiramente maior, com 39,6 milhões, segundo dados mais recentes do IBGE. Maria José lembra que a informalidade representa ao longo dos anos a maior parte da força de trabalho brasileira. Já a CLT foi historicamente responsável por estabelecer a classe média em cargos com estabilidade e benefícios há algumas décadas. eldquo;Não é que agora o País se tornou informal. Sempre foierdquo;, diz a professora da FGV. Para ela, o modelo de carreira estável, que era uma realidade da classe média, tende a ficar cada vez mais restrito. O professor Mazzei concorda e ainda projeta um futuro do trabalho marcado por relações desiguais, com aumento na disparidade salarial e uma juventude convencida de que abrir uma empresa ou atuar como PJ é eldquo;o moderno, mas são falsas questões, porque ao longo de um tempo eles vão ver que o tombo é grandeerdquo;. Por outro lado, Mazzei pondera que parte da rejeição ao regime CLT também se explica pela baixa qualidade dos empregos formais atualmente disponíveis. eldquo;Geralmente é de uma precariedade enorme. A pessoa acaba preferindo outras formas de obter rendaerdquo;, diz o professor da FEA-USP. O desenvolvedor Victor Macedo, 27, atua remotamente há dois anos para uma empresa americana no regime de contrato PJ. Durante esse período, chegou a receber propostas de empresas brasileiras com modelo CLT, mas recusou todas por considerar que as condições de trabalho não compensavam. eldquo;Quando coloco tudo na ponta do lápis, ser autônomo é mais vantajoso para mim. Às vezes os benefícios são bons (da CLT), mas a remuneração e a flexibilidade que tenho hoje pesam maiserdquo;, diz. O FUTURO DO TRABALHO. Para as empresas, o movimento que viralizou nas redes sociais traz impactos diretos. Maria José observa que está mais difícil reter talentos. eldquo;As pessoas não querem mais permanecer em ambientes que não oferecem qualidade de vida, propósito ou equilíbrioerdquo;, diz. Em resposta, as organizações reagem com programas de saúde mental, benefícios e novos formatos de gestão, mas isso não é suficiente para frear a volatilidade de funcionários. No curto prazo, o cenário é de incerteza. eldquo;É difícil prever o futuro do trabalho. Às vezes brinco: será que o trabalho tem futuro?erdquo;, questiona. Ela ainda afirma que os profissionais terão de se reinventar, pois o modelo de carreira baseado na ascensão dentro de uma única empresa não existe mais, atesta. Ainda assim, o modelo formal hoje rejeitado por parte da população parece ser atrativo para jovens de baixa renda por causa da garantia do salário fixo, o acesso a benefícios como vale-alimentação e plano de saúde. eldquo;O contrato CLT ainda é visto como sinônimo de segurança para quem não tem rede de proteçãoerdquo;, afirma a professora da FGV. ebull;

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'Trump se enxerga no drama de Jair Bolsonaro'

Na avaliação do diretor para as Américas da consultoria Eurasia, Christopher Garman, o Brasil não deve conseguir avançar nas negociações com os Estados Unidos no curto prazo e as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros vão entrar em vigor. eldquo;O problema é que o presidente Trump se enxerga no drama do ex-presidente Jair Bolsonaro.erdquo; Garman diz que o melhor cenário para o Brasil é receber as tarifas e não retaliar. Ao longo do tempo, avalia, pode ser que as empresas e o governo brasileiro consigam algum espaço para aliviar o cenário. eldquo;O impacto das tarifas tende a chegar ao bolso do consumidor através de mais inflação. Portanto, a Casa Branca pode ficar mais passível de aceitar tarifas menores.erdquo; Tem algum caminho para o Brasil sair desse impasse com os Estados Unidos? Não vejo um caminho no curto prazo para reduzir essas tarifas. O problema é que o presidente Trump se enxerga no drama do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nós precisamos lembrar que Trump se sentiu vítima de uma caça às bruxas de medidas judiciais. Ele se sentiu censurado. Ele enxerga o movimento progressista Democrata como uma ameaça à democracia. Então, quando ele vê o drama do entorno da família Bolsonaro e as queixas da direita brasileira, Trump encontra respaldo. O julgamento do ex-presidente e a regulação das mídias sociais são os drivers de uma tarifa tão proibitiva. E a proximidade do Brasil com a China? É um fator secundário. Essa decisão (das tarifas) não passou pelo crivo do corpo técnico. É um tema quase pessoal para o presidente. E o problema é que, quando o Judiciário e o Supremo Tribunal Federal reagem à eldquo;O impacto das tarifas globais tende a chegar ao bolso do consumidor através de mais inflação. Portanto, a Casa Branca pode ficar mais passível de aceitar tarifas menoreserdquo; imposição de tarifas, com medidas cautelares contra o ex-presidente, o governo Trump enxerga isso como uma escalada. Não distingue ações do Executivo com as do Judiciário. Qual seria o melhor cenário? Hoje, o melhor que se pode esperar é que as tarifas sejam implementadas, o governo Lula não reaja e não escale com medidas retaliatórias contra as prováveis sanções que devem chegar contra ministros do Supremo Tribunal Federal. E aí espera-se que possam excluir alguns itens dos 50% de tarifas por razões econômicas domésticas nos Estados Unidos. Os consumidores são sensíveis com alguns itens. E tem interesse dos EUA de, talvez, não taxar itens como petróleo e minerais críticos. Há espaço para que haja uma exclusão de certos limites de aplicabilidade das tarifas. Isso pode ocorrer ao longo dos próximos meses, mas, para que ocorra, é necessário que o Brasil não venha a retaliar com novas medidas. Eu diria que, ao longo do tempo, as condições tendem a ficar mais favoráveis. Por quê? Porque o impacto das tarifas globais tende a chegar no bolso do consumidor através de mais inflação. Portanto, a Casa Branca pode ficar mais passível de aceitar tarifas menores. Dois, o instrumento utilizado para a implementação das tarifas pode não se sustentar nos tribunais. Se esse instrumento cair, as tarifas vão ter de ser aplicadas via uma investigação da Seção 301 (lei comercial dos EUA que permite ao governo investigar e retaliar práticas consideradas injustas ou prejudiciais), mas aí dá para se ter uma negociação mais econômica. Talvez, dentro de alguns meses, podemos ter um ambiente um pouco mais construtivo.

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Brasil define nova taxa de juros em meio a alta na luz e incertezas sobre tarifas

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na terça (29/7) e na quarta (30/7) para debater a taxa básica de juros, em um cenário marcado pela pressão inflacionária vinda da energia elétrica e pelas incertezas sobre as tarifas dos Estados Unidos contra produtos brasileiros. Na reunião mais recente, em junho, o Copom elevou a taxa Selic de 14,75% para 15%. As tarifas de energia vêm sendo pressionadas pela bandeira vermelha, cobrança adicional que ocorre quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos e há maior necessidade de acionamento de usinas termelétricas. Na sexta (25/7), a Aneel confirmou que a bandeira vermelha para o mês de agosto será no patamar 2, com um adicional de R$ 7,87 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. É uma escalada na cobrança: em junho e julho havia sido a bandeira vermelha patamar 1, com adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h. Em maio, a bandeira foi amarela. A última vez que a bandeira vermelha 2 foi acionada foi em outubro de 2024. Desde então, no entanto, houve alterações nos parâmetros usados para calcular o acionamento das bandeiras, a chamada eldquo;aversão ao riscoerdquo;. O cenário agora, portanto, é diferente. O cenário tem impactos diretos na inflação. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), em julho a bandeira na conta de luz e reajustes de tarifas em cinco capitais pressionaram a inflação. A prévia indica alta de 0,33% no mês, maior do que em junho, que foi de 0,26%. O item de maior peso na inflação de junho e julho foi, justamente, a energia elétrica. Além da energia, a tensão comercial com os EUA também pressiona o cenário econômico. O país vive a incerteza dos impactos na economia das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aos produtos brasileiros, previstas para entrar em vigor na próxima sexta-feira (01/8). O governo brasileiro segue com os esforços para negociar as taxas, mas já indicou que pode acionar a Lei da Reciprocidade Econômica. A adoção de tarifas recíprocas também pode impactar a inflação, com uma pressão sobre os preços dos combustíveis. Nas últimas semanas, a principal fonte de diesel importado para o Brasil foram as refinarias dos EUA. Enquanto isso, a União Europeia e os EUA chegaram a um acordo no fim de semana para reduzir as tarifas anunciadas por Trump para o bloco europeu. O pacote incluiu a ampliação da compra de energia pela Europa, estimada em US$ 750 bilhões ao longo de três anos. Tarifaço. O estado do Rio de Janeiro terá um prejuízo de R$ 830 milhões caso entrem em vigor as tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, calculou a Firjan. O Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para os Estados Unidos, ficando atrás apenas de São Paulo. Em 2024, o Rio importou R$ 8,9 bilhões dos Estados Unidos e exportou R$ 7,4 bilhões.

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Brasil pode reduzir importações de gasolina com aumento da mistura com etanol

A partir de 1º de agosto, entra em vigor a nova mistura de gasolina com 30% de etanol anidro emdash; o chamado E30. A medida, prevista na Lei do Combustível do Futuro, busca reduzir a dependência externa por combustíveis fósseis, estimular a cadeia do etanol e ampliar os ganhos ambientais. O E30 deve reduzir o consumo da gasolina A em até 1,36 bilhão de litros por ano, o que fará com que o Brasil deixe de ser um importador líquido do produto. De acordo com o MME, a expectativa é que 760 milhões de litros por ano deixem de ser importados, gerando um excedente exportável de até 565 milhões de litros. Dados da consultoria Argus, com base em estimativas de importadores, indicam uma redução imediata de até 125 mil m³ por mês nas compras externas de gasolina. No primeiro semestre de 2025, o país importou cerca de 1,04 milhão de m³, uma queda de 12% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). emdash; Em agosto já devemos observar uma diminuição dos volumes, pois importadores se afastaram das negociações ao longo de julho. Além da menor necessidade, a atual janela de arbitragem também está pouco favorável para a importação emdash; afirmou Gabrielle Moreira, especialista em combustíveis da Argus. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), responsável por coordenar os testes e a transição, o novo percentual substitui parcialmente a gasolina fóssil por etanol, reduzindo a necessidade de importações e o impacto cambial sobre os preços eldquo;Além de reduzir a dependência do Brasil em relação à gasolina importada, a medida deve baixar o preço da gasolina para o consumidor e gerar impactos positivos sobre a inflação. Também estimula o consumo de etanol, reduz as emissões do setor de transporte e amplia investimentos na cadeia produtiva da cana-de-açúcar e do etanolerdquo;, disse o MME em nota. A adoção do E30 só foi autorizada após a realização de testes coordenados pelo MME e conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, que comprovaram a viabilidade técnica da mistura para veículos e motocicletas movidos exclusivamente a gasolina. Resultados positivos, diz setor automotivo A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que participou do grupo de trabalho coordenado pelo MME, considerou os resultados positivos. Segundo Gilberto Martins, diretor de Assuntos Regulatórios da entidade, os testes envolveram tecnologias representativas da frota brasileira atual e não apontaram impactos negativos na durabilidade ou no desempenho dos motores testados, desde que a qualidade do combustível esteja de acordo com as especificações. emdash; A adoção do E30 é considerada uma medida relevante no processo de transição energética. O etanol já é uma solução consolidada no Brasil, com reconhecidos benefícios ambientais, especialmente na redução das emissões de CO2 ao longo de seu ciclo produtivo emdash; afirmou Martins. Ele destacou ainda que o país já dispõe de infraestrutura de distribuição e reabastecimento, e que a tecnologia flex emdash; capaz de usar 100% de etanol emdash; é uma aliada nesse processo. Sobre a possibilidade de elevar a mistura para 35%, conforme autorizado por lei, a Anfavea defende que novos testes técnicos sejam realizados para garantir segurança e compatibilidade com os veículos atuais e os que ainda estão em desenvolvimento. Com o novo teor, a expectativa do governo é de um aumento de até 1,46 bilhão de litros no consumo de etanol anidro. Segundo Hugo Cagno Filho, presidente da União Nacional da Bioenergia (UDOP), o setor está preparado para atender à nova demanda. emdash; O setor vem se preparando desde 2024. Grande parte da demanda por etanol anidro, decorrente do aumento na mistura, será suprida pela pujante indústria do etanol de milho, cuja produção cresce ano após ano. Além disso, as próprias usinas de etanol de cana-de-açúcar têm margem para ampliar a produção de anidro sem necessidade de expandir os canaviais, bastando ajustar o mix de produção açúcar X etanol e hidratado X anidro emdash; disse. Apesar do otimismo, a entidade avalia que ainda é prematuro supor que a medida pode estimular novos investimentos nas usinas. A produção atual é considerada adequada para atender ao aumento de demanda de 800 a 900 milhões de litros nesta safra. No entanto, a transição pode gerar volatilidade no mercado de etanol, especialmente no curto prazo. emdash; No curto prazo, a maior necessidade de matéria-prima que terá de ser destinada para a produção do anidro tende a elevar os preços do etanol hidratado. Isso acontece em uma safra de cana-de-açúcar atrasada, marcada por uma menor quantidade de cana bisada e chuvas que atrapalharam a moagem entre abril e maio emdash; alerta Gabrielle Moreira, da Argus. Segundo Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o setor sucroenergético está pronto para atender à demanda adicional de etanol anidro com a adoção do E30. Ele diz que a expectativa é de um consumo extra de cerca de 1,5 bilhão de litros por ano emdash; volume que o setor já tem capacidade instalada para produzir. emdash; E o setor já tem capacidade instalada para atender esse volume, considerando a produção de etanol de cana e de milho, além de novas unidades em construção e as previsões de ampliações futuras. Somente a expansão do etanol de milho já compensaria esse aumento inicial da demanda emdash; afirmou Rodrigues.

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