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Raízen vende usina Continental por R$ 750 milhões

A Raízen anunciou nesta segunda-feira (10/11) a venda da usina Continental, localizada em Colômbia (SP), ao Grupo Colorado, por R$ 750 milhões. A proposta foi feita há mais de um mês, como antecipou a reportagem. O pagamento será feito à vista na data de conclusão da transação, sujeita a ajustes usuais para negócios dessa natureza, segundo comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O contrato prevê a cessão da cana própria e dos contratos com fornecedores vinculados à usina, que possui capacidade de moagem de aproximadamente 2 milhões de toneladas por safra. Segundo a companhia, a venda está alinhada à estratégia de otimização do portfólio de ativos e simplificação das operações, visando ganhos de eficiência e melhoria da rentabilidade do setor agroindustrial. Com a conclusão desta e de outras operações já anunciadas, a Raízen passará a operar 24 usinas, com capacidade de moagem de cerca de 73 milhões de toneladas por safra. A finalização da transação depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do cumprimento de outras condições previstas nos contratos. Avaliação O banco Citi avaliou a venda da usina Continental da Raízen ao Grupo Colorado como um movimento positivo dentro da estratégia da companhia de otimização de seu portfólio e simplificação das operações. Em relatório, o banco destacou que a transação, de R$ 750 milhões, deve ajudar a empresa a reduzir alavancagem no balanço e a focar na estratégia eldquo;back to basicserdquo; (retorno ao essencial). O Citi aponta que a Raízen possuía capacidade de moagem total de cerca de 105 milhões de toneladas (desconsiderando plantas hibernadas) após a aquisição da Biosev, indicando que a empresa já reduziu sua capacidade operacional em aproximadamente 30%. O Citi ressalta, no entanto, que a venda da operação de Mobilidade na Argentina, avaliada em cerca de US$ 1,6 bilhão, ainda é considerada um passo-chave para a reestruturação completa do portfólio. O banco também observa que a empresa deverá buscar injeção de capital no curto prazo para ajustar sua estrutura de capital, mantendo a recomendação "neutra" para os papéis da companhia, com preço-alvo de R$ 1,30 por ação.

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Postos de gasolina de SP terão fiscalização reforçada até o fim do ano

A fiscalização em postos de combustíveis no estado de São Paulo foi reforçada durante os fins de semana. A ação do Instituto de Pesos e Medidas se estende até as festas de final de ano para aumentar o controle e a segurança da população ao abastecer seus veículos. O reforço acontece no período de movimento mais intenso nos postos por conta das viagens de festas. Além das inspeções que já acontecem ao longo da semana, o Instituto de Pesos e Medidas do estado também passa a atuar aos sábados e domingos. As verificações são feitas nas bombas medidoras para checar se o volume de combustível oferecido está correto, se há lacres e selos de conformidade nos equipamentos e se eles estão de acordo com as normas técnicas e de metrologia. Os postos de combustíveis que apresentarem irregularidades podem ser multados e ter as bombas interditadas. Em caso de suspeita de alguma prática irregular, o consumidor pode fazer a denúncia para o Ipem pelo número 0800 013 05 22 ou pelo e-mail ouvidoria@ipem.sp.gov.br.

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Cade discutirá concorrência no setor de combustíveis em audiência pública nesta quinta-feira (13/11)

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizará, nesta quinta-feira (13/11), audiência pública para discutir problemas concorrenciais no setor de combustíveis líquidos. O evento será híbrido, e acontecerá no plenário do Cade, com transmissão pelo YouTube. A ação visa aprofundar o diagnóstico sobre eventuais barreiras à concorrência nesse mercado, considerado estratégico para a economia brasileira e para o bem-estar do consumidor. O encontro reunirá especialistas, representantes da academia, empresas de produção, refino, distribuição e varejo de combustíveis, órgãos reguladores, associações de consumidores e membros da sociedade civil. As contribuições obtidas servirão de subsídio para aprimorar o monitoramento do mercado e orientar futuras decisões da autarquia federal. Acesse o edital e saiba mais detalhes! Inscritos para manifestação! Nas exposições, podem ser usados slides, gráficos e qualquer dado ou informação que auxilie o expositor, que terá 10 minutos de fala, seguindo a ordem da lista abaixo. 1º Renato Cabral Dias Dutra emdash; Secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2º Joana Duarte emdash; Especialista em Regulação na Superintendência-Geral de Defesa da Concorrência 3º Dr. Fernando Ubiratan emdash; Procurador Substituto junto ao Cade 4º Sérgio de Souza Araujo emdash; Presidente Executivo da Abicom 5º Cláudio Souza de Araújo emdash; Diretor Jurídico da BRASILCOM 6º Emerson Kapaz emdash; CEO do Instituto Combustível Legal 7º Evaristo Augusto Pinheiro Camelo emdash; Representante da RefinaBrasil 8º Gabriel Nogueira Dias emdash; Representante do SINDICOM 9º Enrico Severini Andriolo emdash; Gerente jurídico e tributário da diretoria executiva de downstream do IBP 10º Ricardo Franco Botelho emdash; Representante da Refinaria de Manaus S.A. 11º Luis Ernesto dos Santos Abib e João Marcelo De Lima Assafim emdash; Diretor Jurídico do SINBRACOM e Doutor em Direito Comercial pela Universidade de Santiago de Compostela (Espanha) 12º Francisco Nelson Castro Neves emdash; Diretor Executivo da Associação Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (ANDC) 13º José Matheus Gomes Pessôa Andrade emdash; Representante do Sindicato dos Transportadores Revendedores Retalhistas (SindTRR) 14º Eliézer Francisco Buzatto emdash; Especialista em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) 15º Dr. Gustavo Pozatti Ueda emdash; Especialista em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) 16º Ricardo Padilha Saldanha emdash; Representante jurídico da Rede Sol 17º Priscilla Rolim de Almeida emdash; Consultora Nacional da União, AGU 18º João Grandino Rodas (com Miriam Viviane e Francisco) emdash; Desembargador federal aposentado, professor da USP e presidente/coordenador de pós-graduação stricto sensu do CEDES 19º Eduardo Molan Gaban emdash; Representante do IBCI (Instituto Brasileiro de Concorrência e Inovação) 20º Cassio Pereira emdash; Representante da RodOil 21º Rodrigo Zingales Oller do Nascimento emdash; Diretor Executivo da AbriLivre 22º Rodrigo Oliveira Salgado emdash; Representante legal da FUP e da Associação dos Petroleiros Minoritários da Petrobras 23º Arthur Villamil Martins emdash; Representante da Fecombustíveis Audiência Pública: Problemas Concorrenciais do Setor de Combustíveis Líquidos Dia: 13/11/25 (quinta-feira) Hora: 14h Local: SEPN Quadra 515, Conjunto D, Lote 4, Edifício Carlos Taurisano, Brasília-DF Transmissão: YouTube

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Petroleiros rejeitam proposta da Petrobras e entram em estágio pré-greve

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) aprovou estado de greve e assembleia permanente ao rejeitar, pelo que definiu como eldquo;ampla maioriaerdquo;, a contraproposta da Petrobras e subsidiárias (Transpetro, PBio, Ansa, Termobahia e TBG) para o ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) deste ano. O sistema Petrobras já teria sido oficialmente comunicado. Uma nova reunião entre as partes vai acontecer nesta terça-feira (11). Então, a FUP espera que a Petrobras apresente respostas sobre o PDV (Plano de Desligamento Voluntário) e o que chama de eldquo;mudanças unilateraiserdquo; nas jornadas de trabalho de médicos e dentistas, o que violaria o processo de negociação coletiva. O estado de greve é uma figura constitucional para definir o momento que antecede uma greve. Na prática, ao aprovar essa condição, uma categoria alerta ao governo ou empresa estatal que vai iniciar os preparativos para deflagrar uma greve a qualquer momento, sem a necessidade de novas votações. Segundo a FUP, essa decisão foi consolidada em assembleias concluídas na sexta-feira (7) pelos 14 sindicatos que a compõem. eldquo;O resultado demonstra a insatisfação generalizada com a postura da empresa e reforça a disposição dos trabalhadores em não aceitar retrocessos nos direitos da categoria e redução de custos promovida pela empresa em detrimento dos petroleiroserdquo;, escreve a FUP em nota. Segundo fontes a par das negociações, a contraproposta da Petrobras oferece apenas a reposição da inflação sem ganho real de salário; não apresenta proposta financeira para acabar com os déficits do fundo de pensão Petros, que implicam em descontos no rendimento de aposentados; e não avança na negociação de um novo plano de cargos. Demandas Os petroleiros têm demandas em três eixos: 1° endash; Solução definitiva para os PEDs (Planos de Equacionamento de Déficit) da Petros, que descontam os rendimentos de aposentados e pensionistas. Esse eixo, dizem fontes da categoria, é considerado o pilar para um acordo. Os petroleiros pedem que a Petrobras aporte os valores necessários para garantir um acordo judicial que viabilize a proposta de um novo plano de previdência equivalente ao atual, mas livre dos descontos dos PEDs, que chegam a consumir um terço dos benefícios de aposentados e pensionistas. 2° endash; Distribuição eldquo;justaerdquo; da riqueza gerada pela categoria, com garantia de condições dignas de trabalho, saúde e segurança, sem ajuste fiscal sobre salários e carreiras. 3° endash; Fim das privatizações, que a FUP define como eldquo;defesa da pauta pelo Brasil soberano, contra privatizações e novo modelo de negócios da Petrobraserdquo;. Em paralelo, a FUP destaca demandas pela recomposição do efetivo e convocação dos cadastros de reserva de concursos, que seriam eldquo;temas urgenteserdquo; da categoria.

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Como o governo Lula e a Refit vivem uma guerra jurídica que tem como pano de fundo o PCC

Na última semana, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) foi o campo de batalha de mais um capítulo da disputa jurídica travada entre o governo Lula e a Refit (nome fantasia da Refinaria de Manguinhos). A empresa tentou, sem sucesso, afastar dois diretores da agência da investigação que detectou irregularidades nas instalações da companhia, no Rio de Janeiro, e paralisou as suas atividades. Após ser interrompido por quatro horas, o julgamento acabou suspenso às 21h por um pedido de vistas (mais tempo para análise). A empresa, no entanto, não obteve os votos necessários para levar adiante a empreitada. É o mais recente embate desde que a Operação Carbono Oculto, deflagrada em São Paulo no fim de agosto, revelou que o combustível da Refit estaria abastecendo postos de gasolina controlados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde então, a Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional subiram o tom nas críticas contra a empresa, classificando Manguinhos como eldquo;sonegador contumazerdquo; e afirmando que a companhia não vem recolhendo tributos como deveria. Procurada, a Refit negou sonegar impostos e rejeitou ter ligação com o crime organizado. eldquo;A Refit não foi alvo da operação Carbono Oculto e repudia de forma categórica qualquer tentativa de associar a empresa ao PCC ou a qualquer outra organização criminosaerdquo;, afirmou a empresa, em nota (veja a íntegra abaixo). Em suas falas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elegeu o caso da Refinaria de Manguinhos como emblemático no combate ao crime organizado. Ele fez críticas e apelos ao governador do Rio, Cláudio Castro, após o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RJ) conceder liminar para desinterditar a empresa emdash; depois anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O governo Lula tenta montar uma resposta à demanda dos eleitores contra facções criminosas. A segurança pública é a área mais criticada da gestão atual de Lula. Como a Refit entrou na mira das autoridades A investigação feita pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e Receita Federal na Operação Carbono Oculto afirma que a Refit ocupou o espaço que era da Copape, fechada um ano antes pelas autoridades, no fornecimento de combustível aos postos do PCC. O indício apontado pelos investigadores é que, no mesmo período em que a Copape foi retirada do mercado, a Refit passou a importar e vender quase a mesma quantidade de combustível que a empresa fechada. Entre o primeiro e o segundo semestres de 2024, Manguinhos aumentou o volume de combustível importado de R$ 2,98 bilhões para R$ 5,6 bilhões, uma diferença de R$ 2,62 bilhões. O valor é praticamente o mesmo que a Copape, já fechada, deixou de importar (R$ 2,55 bilhões). O combustível adicional comprado pela Refit foi distribuído principalmente pela Rodopetro, empresa de Duque de Caxias (RJ) que passou a vender volumes expressivos a compradores que até então não haviam adquirido uma gota de combustível dela. Um exemplo é a Orizona Combustíveis, que, em um intervalo de seis meses após o fechamento da Copape, saiu de zero em compras da Rodopetro para R$ 3,10 bilhões. Os investigadores descobriram que a sede da Orizona fica no mesmo endereço que outras empresas ligadas aos donos da Copape emdash; Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, e Mohamad Mourad, que estão foragidos. Há outras empresas identificadas no processo exatamente na mesma situação, ou seja, passaram a comprar combustível da Rodopetro, vindo da Refit, e funcionam em endereços ligados à dupla. Isso comprovaria, segundo a investigação, a relação entre o grupo Refit e a Copape. Desde que esses achados foram revelados na Operação Carbono Oculto, autoridades tentam na Justiça, na ANP e também na Receita Federal enquadrar a Refit, uma empresa acusada de sistematicamente deixar de pagar impostos e, agora, de se associar ao crime organizado. Em setembro, em uma batida contra a refinaria derivada da operação policial, a Receita Federal desvelou mais problemas na Refit. Na Operação Cadeia de Carbono, quatro navios que traziam carga do exterior para Manguinhos acabaram apreendidos porque, segundo o Fisco, tentavam enganar os controles aduaneiros na importação de gasolina para pagar menos ou nenhum imposto. A empresa dizia comprar matéria-prima, mas um laudo feito pela ANP verificou que se tratava de gasolina pronta. Isso fez o caldo entornar contra a empresa, que passou a ser tratada nos processos judiciais como eldquo;sonegadora contumazerdquo;, como mostrou o Estadão. Em nota, a Refit afirma que eldquo;não pratica sonegação fiscal, ao contrário, emite regularmente suas notas fiscais e questiona, por meios legais e transparentes, a cobrança de supostos débitos tributárioserdquo;. A Receita Federal alega que, além de fraudar documentos, a Refit e as importadoras que trabalham exclusivamente para ela tentaram ocultar os verdadeiros donos da carga, o que é crime. Caso perca o processo na Receita, a Refit pode ficar sem a carga, avaliada em cerca de R$ 500 milhões. Três navios ainda estão atracados no Rio e um no Porto de Santos. Nesta semana, a carga começa a ser desembarcada para armazenamento pela Petrobras e outras empresas, que servirão como depositárias até que a Receita conclua a auditoria. A ANP, por sua vez, verificou problemas na tancagem e no controle de vazão em Manguinhos e, o mais relevante para o futuro da companhia, concluiu que a Refit não estava refinando combustível, o que pode levá-la a perder benefícios tributários e até a licença para operar. As irregularidades levaram a agência a interditar a companhia emdash; decisão que foi parcialmente revertida. Os equipamentos usados no refino seguem fechados até a palavra final da diretoria da ANP. Em nota, a Refit afirma que eldquo;já comprovou por meio de dois laudos científicos que não há qualquer irregularidade na documentação das importações, não havendo, portanto, justificativa para a interdição da carga pela Receita Federalerdquo;. O julgamento da ANP suspenso Na quinta-feira, 6, a ANP analisou o pedido da Refit para impedir dois dos cinco diretores da agência de julgar o caso da interdição da refinaria, sob o argumento de suspeição. Manguinhos afirma que os diretores Pietro Mendes e Symone Araújo devem ser impedidos de analisar o processo porque a inspeção na refinaria foi realizada sem que os demais integrantes do colegiado tivessem sido avisados. Contra Mendes, a Refit acrescenta que ele era presidente do Conselho da Petrobras e, por isso, desejaria prejudicar Manguinhos em favor da concorrente. Em voto incisivo, o diretor-geral da ANP e relator do processo, Artur Watt, rejeitou o pedido da Refit, avaliando que as alegações são infundadas e tem como objetivo atrapalhar o trabalho da agência. Com o pedido de vistas dos diretores Fernando Moura e Daniel Maia, o julgamento rachou a ANP, foi suspenso e não tem prazo para voltar. Watt, Araújo e Mendes, no entanto, anteciparam seus votos, abrindo maioria contra a tentativa da Refit. Por que o modelo de negócios da Refit está em jogo? A classificação como refinaria é importante para a Refit ter acesso ao benefício de importar matéria-prima petroquímica pagando menos imposto. A gasolina pronta tem taxação mais alta e, quando ela é importada, o imposto deve ser recolhido assim que a mercadoria entra no País. Já no caso da matéria-prima, a refinaria recolhe menos imposto e só paga quando vende o produto manufaturado. Quando ela diz que compra matéria-prima mas, na verdade, adquire e vende gasolina pronta, a Refit produz um diferencial que, segundo as autoridades, permite que ela venda mais barato do que os concorrentes, criando uma competição desleal, além de sonegar impostos. Desde a apreensão dos navios com carga importada, a Refit processou apenas o que estava em seus estoques. Seus concorrentes dizem, nos bastidores, ter percebido que o preço do combustível vendido por ela já foi reajustado. Mas ainda não se sabe como a Refit voltará a atuar caso não consiga a autorização da ANP para seguir como refinaria (e ter acesso aos benefícios tributários na importação). O vaivém na Justiça Há 12 anos a Refit está em recuperação judicial, instrumento jurídico que afasta a sanção de credores e evita a falência. Quando a Receita e a ANP fecharam o cerco contra a companhia, Manguinhos recorreu à vara empresarial do Rio alegando que a apreensão da carga e a interdição prejudicam o pagamento da dívida parcelada. O juiz, porém, se declarou incompetente, e o caso subiu para o Tribunal de Justiça do Rio, onde a empresa conseguiu um parecer a seu favor do governo do Estado do Rio. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou a liminar após recurso da Fazenda Nacional que, entre outros argumentos, alegou prejuízo aos cofres do mesmo Estado do Rio que defendeu a companhia. As autoridades federais informaram a Justiça que a dívida em impostos de Manguinhos já alcança praticamente todo o seu patrimônio e que se trata de uma empresa eldquo;insolventeerdquo;. O que diz a Refit Leia o posicionamento enviado pela Refit à reportagem: A Refit reforça que a interdição da refinaria foi conduzida de forma clandestina e se baseou em uma sucessão de contradições e inconsistências por parte da ANP. Em diferentes ocasiões, a agência declarou que a Refit eldquo;não refinaerdquo;, e ao mesmo tempo disse que a empresa teria refinado eldquo;acima da capacidade autorizadaerdquo;. A ANP também oscilou entre classificar o produto da Refit como nafta e em seguida afirmar que o produto se tratava de gasolina automotiva. A Refit já comprovou por meio de dois laudos científicos que não há qualquer irregularidade na documentação das importações, não havendo, portanto, justificativa para a interdição da carga pela Receita Federal, que recentemente afirmou não ter clareza sobre o que exatamente está nos navios: nafta, diesel, gasolina ou outros produtos. Pareceres elaborados pela certificadora AmSpec e pelo químico Ilidio Lazarieviez Antônio (cadastrado para prestar serviços para a própria Receita) confirmam que as cargas apreendidas não apresentam especificações de gasolina automotiva, afastando, assim, qualquer hipótese de fraude. A Companhia reitera que não pratica sonegação fiscal, ao contrário, emite regularmente suas notas fiscais e questiona, por meios legais e transparentes, a cobrança de supostos débitos tributários, como fazem várias outras empresas de diversos setores, inclusive a Petrobras. Trata-se, portanto, de uma divergência jurídica legítima, que está sendo discutida em instâncias competentes, sem qualquer conduta irregular por parte da companhia. Importante ressaltar que a Refit não foi alvo da operação Carbono Oculto e repudia de forma categórica qualquer tentativa de associar a empresa ao PCC ou a qualquer outra organização criminosa. A Refit possui um histórico consistente de denúncias às autoridades e à imprensa de postos ligados ao crime organizado e que praticam adulteração de combustíveis -- postura que reforça um compromisso com a legalidade e a livre concorrência no setor. Foram as denúncias da Refit, inclusive, que levaram ao fechamento da Copape, formuladora de combustível ligada ao PCC. Todos os questionamentos da ANP que levaram à interdição da empresa já foram sanados, sendo que a própria agência reconheceu nos pareceres equívocos em suas interpretações iniciais. A Refit já fez quatro solicitações de reunião com a ANP para esclarecer o processo da torre de destilação, etapa essencial para a retomada das operações de refino. Os pedidos da empresa porém não foram atendidos. Essa atitude, somadas ao vazamento de informações sigilosas do processo e à consulta prévia feita à Petrobras emdash; concorrente direta da Refit emdash; sobre a possibilidade de assumir seu mercado antes mesmo da interdição, evidenciam uma conduta irregular e um claro conflito de interesse dentro da agência, que age com viés político, causando um prejuízo diário de cerca R$ 5 milhoes à empresa e colocando em risco o emprego de 4 mil trabalhadores diretos e indiretos.

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Na COP30, governadores da Amazônia defendem gás, petróleo e projetos que impactam comunidades

No primeiro dia da COP30, a conferência do clima da ONU, governadores da Amazônia Legal defenderam projetos de infraestrutura emdash;e empreendimentos já consolidadosemdash; com impactos ambientais diretos no bioma e em comunidades tradicionais em diferentes pontos da região. A posição dos governadores amazônicos foi expressa na tarde desta segunda-feira (10), no pavilhão ocupado pelo Consórcio Interestadual Amazônia Legal na zona azul da COP30, o principal espaço das negociações sobre o clima. Participaram de um primeiro evento do consórcio na COP30 emdash;e todos eles discursaramemdash; os governadores de Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins. O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), participa da COP30, mas não esteve no evento. Já o de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), não compareceu à conferência. Ao fim da fala durante o evento no pavilhão, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), projetou um vídeo que trata como soluções para a floresta o projeto de exploração de potássio no estado, na região de Autazes, e o empreendimento de exploração de gás natural na região de Silves e Itapiranga, a cargo da Eneva, uma das principais donas de termelétricas do Brasil. O projeto de potássio, tocado pela empresa Potássio do Brasil emdash;pertencente à empresa canadense Forbes eamp; Manhattan e a outros investidores internacionais e brasileirosemdash;, dividiu os indígenas muras da região e tentou emplacar minas em áreas tradicionais, ocupadas pelos indígenas há mais de cem anos. Também houve uma ampliação dos conflitos com fazendeiros na região. A extração de potássio ainda não começou, mas o projeto obteve as licenças do governo do Amazonas, por meio do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), e tenta captar recursos. A exploração de combustível fóssil na região de Silves e Itapiranga, por sua vez, impacta comunidades tradicionais, com previsão de novas termelétricas e expansão da extração do gás natural, um combustível fóssil. O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), defendeu o projeto de potássio no Amazonas. O potássio é base para fertilizantes usados em larga escala na agricultura, e deve ter o Mato Grosso como principal destino. Mendes defendeu ainda a Ferrogrão, uma ferrovia que, se sair do papel, terá 933 km entre Sinop (MT) e Itaituba (PA). A Ferrogrão impacta terras indígenas, comunidades de pescadores e pequenas chácaras na região de Itaituba. É defendida por grandes corporações internacionais do agronegócio, que operam terminais na região, e foi encampada pelo governo Lula (PT). "Não podemos sair daqui apenas com algumas migalhas", disse Mendes. "Quanto custa ficar 15 anos com uma mina de potássio no Amazonas para receber a licença ambiental? Quanto custa não ter uma Ferrogrão e ficar fazendo o transporte [de grãos] com milhares de carretas?", questionou o governador. "Aí vem o senhor [Emmanuel] Macron [presidente da França] e ONGs dizerem que [a ferrovia] é atentar contra o planeta", completou Mendes. Já o governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), defendeu o projeto de exploração de petróleo na costa amazônica. Lula e a Petrobras pressionaram o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para a concessão da licença para a prospecção de óleo no bloco 59, a 160 km da costa. Na COP28, ficou acertada a redução do uso de combustíveis fósseis, uma pauta que Lula abordou em seus discursos na COP30, apesar da pressão por mais petróleo na costa brasileira. "De um lado está a amazônia preservada, e do outro, o povo que precisa de desenvolvimento digno, emprego, infraestrutura", afirmou o governador do Amapá. "Há extremos que romantizam a amazônia. Não queremos ser intocáveis, santuários." No discurso, Clécio não defendeu diretamente a exploração de petróleo na costa de Oiapoque (AP). À Folha, porém, defendeu o projeto da Petrobras. "Não é um contrassenso [em relação ao que propõe a COP]. A gente precisa de empregos, e essa não é nossa única aposta, existe um trabalho de organizar cadeias produtivas locais." Anfitrião da COP30, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse compartilhar da mesma "indignação" do governador de Mato Grosso, mas não fez uma defesa direta dos projetos que impactam a amazônia e comunidades tradicionais. Barbalho apresentou no espaço do Consórcio da Amazônia Legal um programa chamado Vale Bioamazônico, com foco em bioeconomia. De acordo com o governo do Pará, o objetivo é estimular o incentivo à pesquisa, tecnologia e inovação, de forma a agregar valor à floresta em pé. O governo estadual diz que a inspiração é o Vale do Silício, área de empresas de alta tecnologia nos Estados Unidos.

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