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Ainda que o mundo tenha fechado um acordo para fazer uma eldquo;transição para longe dos combustíveis fósseiserdquo; emdash; conforme documento assinado durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) emdash;, explorar novas reservas de petróleo é hoje prioridade para o setor de óleo e gás da América Latina. A exploração de novos campos é a principal prioridade das empresas para 28% dos profissionais da indústria de óleo e gás, segundo pesquisa da Aggreko, companhia que fornece soluções de energia para, por exemplo, plataformas de petróleo e minas em construção.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), no entanto, para o aquecimento global ficar limitado a 1,5ºC, como prevê o Acordo de Paris, novos campos de petróleo não poderiam mais ser abertos.

O levantamento da Aggreko indica que, após a exploração de novas reservas, aumentar a produção aparece como a segunda prioridade mais votada, por 23% dos profissionais. Redução de custos, investimento em infraestrutura e expansão para novos mercados vêm em seguida. Adoção de práticas mais sustentáveis foi indicada como prioridade por apenas 7% dos entrevistados. Foram ouvidos 312 profissionais da indústria de óleo e gás. A pesquisa, que será lançada na próxima terça-feira, 16, não incluiu como possível prioridade a diversificação de negócios, incluindo projetos de energia renovável.

O gerente de óleo e gás da Aggreko na América Latina, Daniel Rossi, afirma que as companhias do setor já estiveram mais preocupadas com a adoção de práticas sustentáveis, mas que dificuldades logísticas, técnicas e de custo têm tornado difícil a implementação. eldquo;O custo dessas práticas coloca a operação em um patamar em que a empresa perde competitividade.erdquo;

Rossi aponta que, no Brasil, grande parte dos projetos de exploração de novas reservas foi paralisada há cerca de dez anos em decorrência da Operação Lava Jato. A tendência agora, no entanto, é que eles sejam retomados. eldquo;Agora deve haver a liberação de licença ambiental para perfurar a Margem Equatorial. Tem vários estudos que apontam que a produção lá vai dar certo. É uma região próxima à Guiana, que está assumindo a posição de segundo maior produtor de petróleo da América Latina, atrás apenas do Brasil.erdquo;

Na Argentina, comandada pelo presidente Javier Milei, também tem havido um incentivo ao setor e é esperado um aumento da exploração e da produção. O cenário brasileiro e argentino, porém, é diferente do de outros países da região. Na Colômbia, por questões ambientais e climáticas, o governo de Gustavo Petro não está autorizando a exploração de novos campos. Segundo Rossi, o país não deve ter reservas para exploração em sete anos. No México, também não deve haver um crescimento significativo de exploração enquanto a Pemex (a petroleira estatal do país) não reduzir seu endividamento e puder fazer novos investimentos.

Para a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018, Suely Araújo, a pesquisa da Aggreko mostra uma falta de preocupação do setor de combustíveis fósseis com a crise climática. eldquo;É até esperado que a direção das empresas petroleiras coloque prioridade no que fazem, mas teria de estar mais clara a atenção para a necessidade de descarbonização e de diversificação das atividades dessas empresas.erdquo;

Araújo destaca que, ainda que no Brasil os combustíveis fósseis não sejam responsáveis pelo maior volume das emissões de gases poluentes, o País não pode ignorar a necessidade de haver um cronograma de redução da produção e do uso desses combustíveis. eldquo;Pouco mais da metade da produção brasileira de petróleo é exportada e acaba sendo queimada em outro local, emitindo gases de efeito estufa de qualquer modo.erdquo;

A transição das economias para longe dos combustíveis fósseis não entrou na agenda das discussões oficiais da COP-30, que será realizada em novembro em Belém. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, porém, vem tentando incluir nos debates algo sobre como essa transição será feita.

eldquo;Mas é muito difícil que isso ocorra. As evidências são de que não conseguiremos avançar em nenhuma colocação mais efetiva nesse sentidoerdquo;, diz Araújo. A própria posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de defender a expansão da produção de petróleo no País dificulta uma liderança brasileira nessa discussão, acrescenta a coordenadora do Observatório do Clima.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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