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Sob a pressão do encarecimento da conta de luz, passagem aérea e jogos de loteria, a inflação oficial no País fechou julho com uma alta de 0,26%, ante uma elevação de 0,24% em junho, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta terça-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da ligeira aceleração, o resultado surpreendeu positivamente até os mais otimistas analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam um avanço entre 0,28% e 0,39%, com mediana de 0,35%.

A taxa acumulada pela inflação em 12 meses arrefeceu a 5,23%. O movimento é benigno, mas não altera a expectativa de manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar de 15% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em setembro, avaliou a consultoria Capital Economics.

eldquo;Mas apoia nossa visão de que o Copom começará a afrouxar a política monetária por volta do fim do ano e que a taxa será reduzida mais do que a maioria espera no próximo anoerdquo;, afirmou, em relatório, a economista para mercados emergentes da Capital Economics, Kimberley Sperrfechter.

Para o economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos, a taxa Selic deve se manter nos atuais 15% por algum tempo, com o primeiro corte no juro básico se materializando apenas em janeiro do ano que vem. No entanto, a leitura de julho do IPCA reforça que há um viés baixista para as projeções de inflação deste ano, podendo fechar 2025 em 4,8%, em linha com o que foi visto em 2024.

eldquo;Acreditamos que nas próximas semanas as expectativas do Focus (boletim divulgado pelo BC com projeções para a inflação) devam cair para este ano e o próximo, exprimindo essas leituras mais benignaserdquo;, avaliou Maluf, em comentário enviado à imprensa.

A melhora no cenário inflacionário reflete fatores como a valorização do real e a queda recente no preço de commodities, apontou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

eldquo;Os custos de produção no setor industrial e agrícola, diretamente afetados por essas variáveis, vêm desacelerando nos últimos meseserdquo;, destacou Sung.

Três dos nove grupos de despesas que integram o IPCA registraram quedas de preços em julho: Alimentação e bebidas (-0,27%), Vestuário (-0,54%) e Comunicação (-0,09%). Os alimentos ficaram mais baratos pelo segundo mês consecutivo, após uma sequência de nove meses de aumentos. A trégua recente tem relação com uma maior oferta de produtos, em meio à ocorrência de safras melhores, avaliou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE.

O custo da alimentação no domicílio caiu 0,69% em julho. Os destaques foram as reduções na batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%). As carnes diminuíram 0,30%, e o café moído recuou 1,01%. Segundo Gonçalves, o café registrou o primeiro recuo após 18 meses seguidos de altas, graças a uma melhora na oferta do produto na lavoura.

eldquo;Pode ser um efeito de maior oferta que já está chegando na prateleira. Cravar que é (proveniente) de tarifaço é muito prematuro, é meio bola de cristalerdquo;, ponderou Gonçalves, sobre eventuais impactos futuros do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos exportados pelo Brasil para o mercado americano, entre eles o café.

O pesquisador lembra que as tarifas entraram em vigor apenas recentemente, portanto seria prematuro apontar qualquer efeito já evidente nos preços de produtos. Segundo ele, é preciso esperar para entender como o mercado reagirá ao tarifaço, se os produtores encontrarão outros mercados consumidores, se preferirão estocar produtos, ou se a oferta doméstica vai de fato aumentar.

eldquo;As frutas não têm como estocar. Entrando no mercado interno teria uma oferta maior, e a tendência é que o preço caiaerdquo;, confirmou Gonçalves.

Quanto à alimentação fora do domicílio, houve uma elevação de 0,87% em julho: o subitem lanche avançou 1,90%, e a refeição fora de casa subiu 0,44%.

Os combustíveis também ficaram mais baratos em julho: a gasolina recuou 0,51%; o óleo diesel, -0,59%; gás veicular, -0,14%; e etanol, -1,68%. Já a passagem aérea aumentou 19,92%, respondendo sozinha por uma contribuição de 0,10 ponto porcentual no IPCA, segunda maior pressão individual sobre a inflação de julho, atrás apenas do impacto do encarecimento da energia elétrica (0,12 ponto porcentual).

eldquo;No período de férias acaba tendo uma demanda maior, os preços acabam ficando mais altos, e a variação (de passagem aérea) reflete issoerdquo;, justificou Fernando Gonçalves.

O maior vilão da inflação de julho foi a energia elétrica residencial, que aumentou 3,04%, impulsionada pelo reajuste em uma das concessionárias em São Paulo, em Curitiba e em uma das concessionárias de Porto Alegre. Em julho, permaneceu vigente a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 KWh consumidos.

Os jogos de azar completaram o ranking de três principais pressões sobre o IPCA do último mês, com alta de 11,17%, devido ao reajuste autorizado a partir de 9 de julho.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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