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Os Estados Unidos vão impor uma tarifa de cerca de 100% sobre chips semicondutores importados para o país, disse o presidente Donald Trump nesta quarta-feira (6).

Trump afirmou a repórteres na Casa Branca que a nova taxa será aplicada a "todos os chips e semicondutores que entram nos Estados Unidos", mas não se aplicará a empresas que se comprometeram a fabricar esses componentes nos Estados Unidos.

O Brasil exportou US$ 8,5 milhões (R$ 46,6 milhões) em semicondutores no ano passado, uma queda em comparação aos US$ 9,2 milhões (R$ 50 milhões) registrados em 2023, de acordo com dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). A maior parte da produção brasileira exportada tem destino a países da América do Sul.

Em 2024, o país teve de importar US$ 6,3 bilhões (R$ 34,5 bilhões) em semicondutores para suprir a demanda interna.

O principal parceiro comercial do Brasil no setor de produtos eletroeletrônicos, que inclui também a indústria elétrica, é os Estados Unidos. No ano passado, os americanos exportaram US$ 4,2 bilhões (R$ 23 bilhões) em itens dessa pauta para o Brasil e importaram US$ 1,9 bilhões (R$ 10,4 bilhões), resultando em um superávit de US$ 2,3 bilhões (R$ 12,6 bilhões) para o país de Trump.

Contudo, a produção de semicondutores envolve uma cadeia de suprimentos complexa, e, por isso, a medida tende a ter reflexos nos preços globais dos chips e processadores, usados em computadores, smartphones e carros.

A empresa taiwanesa TSMC concentra 67,6% do mercado de impressão de microchips e atende Apple, Nvidia, AMD, Qualcomm, entre outras empresas americanas, de acordo com dados da consultoria TrendForce.

As maiores concorrentes da TSMC são a chinesa Semiconductor Manufacturing International, com 6% da produção, a taiwanesa United Microelectronics (4,7%) e a americana GlobalFoundries (4,2%).

Os chips são impressos com uma técnica chamada de fotolitografia, feita com equipamentos produzidos pela empresa holandesa ASML, que domina mais de 80% do mercado, também de acordo com dados da TrendForce.


APPLE PROMETEU INVESTIR US$ 100 BI EM FÁBRICAS NOS EUA
Na mesma ocasião, o presidente Trump anunciou que a Apple prometeu investir mais US$ 100 bilhões (R$ 548 bilhões) nos Estados Unidos, no mais recente movimento da empresa para comprar mais componentes de fornecedores americanos e evitar a ameaça do presidente de impor tarifas aos iPhones.

Ao lado do CEO da Apple Tim Cook no Salão Oval da Casa Branca, Trump destacou a criação do Programa de Manufatura Americana da Apple, cujo objetivo é trazer mais componentes da cadeia de suprimentos e manufatura da empresa para os Estados Unidos.

Em fevereiro, a Apple anunciou que planejava gastar US$ 500 bilhões (US$ 2,7 trilhões) e contratar 20 mil pessoas nos Estados Unidos nos próximos quatro anos, incluindo a inauguração der uma fábrica no Texas para produzir as máquinas que impulsionam seu braço de inteligência artificial. O investimento, segundo o que Trump deu a entender, livraria a Apple da tarifa sobre semicondutores.

O anúncio ainda não atende à exigência de Trump de que a Apple comece a fabricar iPhones nos Estados Unidos.

A fabricante do iPhone fez promessas semelhantes, porém de menor escala, durante o governo Biden e o primeiro mandato de Trump. No entanto, ainda não cumpriu algumas desses compromissos.

Apesar de uma década de pressão de Trump para começar a "construir seus malditos computadores e coisas neste país", a Apple continuou a fabricar a maior parte do que vende emdash;iPhones, iPads e Macsemdash; na Ásia.

A China é a principal base de fabricação da empresa desde os anos 2000. A empresa americana transferiu parte da produção para o Vietnã, Tailândia e Índia nos últimos anos, mas nunca investiu na construção de uma fábrica para um produto importante nos Estados Unidos.

De acordo com o New York Times, Apple diz que apoia mais de 450 mil empregos americanos com milhares de fornecedores e parceiros em 50 estados. Ela depende de mais de três milhões de trabalhadores em sua rede de fornecimento na China e recentemente tem expandido a produção na Índia, o que irritou o presidente.

COREIA DO SUL NÃO SERÁ AFETADA
O principal encarregado de comércio da Coreia do Sul nos Estados Unidos, Yeo Han-koo, disse nesta quinta-feira (7, no fuso horário da sul-coreano), que as fabricantes de chip Samsung Electronics 005930.KS e SK Hynix 000660.KS não estarão sujeitas as tarifas de 100% mencionadas por Trump.

Em entrevista a uma rádio local, Yeo disse que, entre vários países, a Coreia do Sul enfrentará as taxas mais favoráveis dos EUA sobre chips sob o acordo comercial entre Washington e Seul.

Fonte/Veículo: Folha de S.Paulo

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