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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou ontem, na ata da última reunião do colegiado, que a elevada incerteza no cenário demanda maior cautela na condução da política monetária, e reforçou a disposição para reagir, se necessário.

Na avaliação da maioria dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, a ata veio em linha com o comunicado da semana passada, ainda que parte do mercado considere o tom do documento um pouco mais brando. A ampla maioria do mercado (34 de 35 instituições que compõem a pesquisa) espera agora que a taxa Selic fique estável em 15% na reunião de setembro do Copom. Para 26 instituições, o juro deve ficar estacionado nesse patamar até o fim do ano.

Nove casas, porém, veem início do afrouxamento monetário ainda neste ano: sete em dezembro, uma em novembro e uma em setembro.

As medianas continuam indicando Selic de 15%, no fim deste ano, e de 12,5% no fim de 2026 e no encerramento do primeiro trimestre de 2027 endash; atual horizonte relevante para a política monetária, em linha com o levantamento do dia 31 de julho.

eldquo;O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (dos juros) caso julgue apropriadoerdquo;, diz a ata.

De acordo com o Copom, a redução das expectativas para a inflação futura exige uma política de juros significativamente contracionista endash; ou seja, que esfrie a atividade econômica endash; por período prolongado, de forma a assegurar a convergência da inflação à meta, de 3%. Segundo o BC, o cenário atual é marcado por projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho endash; que tem se mostrado aquecido.

O colegiado repetiu as suas projeções de inflação acumulada em 12 meses para 2025 (4,9%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%). Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3%.

TARIFAÇO. A ata do Copom também fala sobre os impactos das tarifas impostas pelo governo americano para produtos importados do Brasil sobre a economia doméstica.

O documento do encontro de julho traz um longo parágrafo sobre o tarifaço e suas possíveis consequências. No de junho, não havia uma citação explícita à decisão do presidente americano, Donald Trump. Além dos 10% relativos à alíquota recíproca, em 9 de julho os EUA aplicaram uma taxa maior para o Brasil, de 40%. Enquanto os membros se reuniam no Copom, os EUA informavam que 694 produtos estariam sem esse acréscimo.

eldquo;Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais e dados recentes de inflação e atividade da economia americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial americana tornam o cenário mais incerto e mais adversoerdquo;, considerou o colegiado.

eldquo;A avaliação predominante é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautelaerdquo;, trouxe o documento.

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o Copom evitou sinalizar na ata a possibilidade de corte da taxa básica de juros, afirmando que a inflação está desacelerando, mas segue acima da meta, e apontando que o cenário econômico externo está mais incerto e adverso. eldquo;O Copom se esforçou para sinalizar que os desenvolvimentos recentes em atividade e inflação não alteram sua avaliação de que o trabalho da política monetária está longe de concluído, e que ainda é necessária cautela adicional à frenteerdquo;, afirmou, em relatório.

Felipe Salles, economistachefe do C6 Bank, também ressaltou as elevadas incertezas com o ambiente externo apontadas na ata. eldquo;Nesse cenário de incerteza, é preciso ter cautela. Quando você não tem certeza do que vai acontecer, tende a não tomar grandes medidas, porque não sabe o que virá à frenteerdquo;, disse o economista. eldquo;Assim, o BC tenta sinalizar que é preciso esperar a poeira baixar para recalcular a rota da política monetáriaerdquo;, afirma. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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