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Este ano a oferta de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês) está prevista para alcançar 2,5 bilhões de litros, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata).

O SAF é uma estratégia importante para a aviação reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), mas as projeções para 2025 significam apenas 0,7% do consumo global de combustível das companhias aéreas.

A oferta é escassa, há poucas biorrefinarias em operação, apenas uma rota de produção (HEFA) se provou comercialmente viável até agora e ela usa uma matéria-prima que também está ficando disputada e cara: os óleos residuais.

Para escalar essa indústria, será preciso avançar com novas rotas de produção, abrindo o leque de matérias-primas. E a biomassa é uma delas.

Rajesh Gattupalli, presidente da Honeywell UOP, divisão de negócios que fornece soluções para o biorrefino, conta que a multinacional está formando parcerias para desenvolver tecnologias para a rota Fischer-Tropsch (FT), que utiliza biomassa e resíduos sólidos urbanos endash; abundantes no mercado.

Em maio, o grupo anunciou um acordo para aquisição do segmento de tecnologias de catalisadores da Johnson Matthey por £ 1,8 bilhão. Segundo Gattupalli, essa aquisição deve ajudar a companhia a desenvolver soluções para produzir SAF pela rota FT.

Ele explica que a rota consiste em gaseificar tanto biomassa como resíduos sólidos urbanos, para depois transformá-los em líquidos aptos à conversão em SAF, por meio do hidroprocessamento.

Por trás deste interesse está uma questão econômica importante: a matéria-prima é mais barata.

eldquo;Precisamos desenvolver tecnologias com matérias-primas mais baratas. Os custos do óleo de cozinha usado para a HEFA estão altos, mas a biomassa continua barataerdquo;, disse em entrevista à agência eixos.

SAF de etanol: só falta o primeiro projeto comercial

Outra grande aposta é a rota ATJ, que utiliza o etanol como matéria-prima. Ela está mais próxima de sair do papel, com alguns projetos a caminho da decisão final de investimento (FID).

Para o executivo da Honeywell, depois que o primeiro empreendimento comercial começar a ofertar o combustível, novos projetos devem decolar. Isso deve levar alguns anos ainda, no entanto.

eldquo;Os projetos de etanol para jato ainda estão em andamento. Temos um projeto aqui nos EUA passando por FID. No geral, a demanda existe. Mas o que a ATJ precisa é basicamente que a primeira unidade dê partida para que ela realmente passe para a próxima marcha. Porque a maioria dos clientes busca a experiência comercial. Precisamos dessa experiência comercial para podermos levar isso para o próximo estágioerdquo;, conta.

Há pelo menos dois projetos nos EUA apostando nesta rota: um da Lanzajet e outro da Granbio. Ambos devem utilizar etanol de 2ª geração, baseado em resíduos.

Gattupalli também enxerga potencial na Ásia, com destaque para a Índia, além do Brasil, onde a oferta do biocombustível é relevante. Já na Europa, o metanol é que prepara para decolar.

eldquo;A Ásia é outro lugar onde temos muito interesse. Na Europa, estamos vendo um mercado muito maior de metanol para aviação. Mas em países onde há muito mais etanol disponível, como Brasil, Índia, na Ásia, potencialmente, um pouco na China, estamos vendo um interesse significativo em etanolerdquo;, lista.

eldquo;A Índia está tentando produzir biocombustíveis para segurança energética, porque ela importa 80% do petróleo bruto do exterior. O mesmo vale para a China. Cada país tem seus próprios cenários sobre por que deseja produzir biocombustíveiserdquo;, comenta.

Com IRA ou sem IRA

Nos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump, o cenário está ficando dia a dia conturbado para quem investe em energias renováveis.

No final de maio, a Câmara dos EUA aprovou o eldquo;One Big Beautiful Bill Acterdquo;, eliminado incentivos criados pela Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês) do presidente anterior, Joe Biden.

O texto ainda está em discussão no Senado e o mercado parece confuso sobre os rumos da economia norte-americana.

Gattupalli evitou comentar a política republicana, mas disse que está confiante com o desenvolvimento de projetos para SAF, e enxerga que, assim como em outras tecnologias, os custos devem cair conforme os empreendimentos ganham escala e maturidade.

eldquo;Acredito que o IRA pode mudar muitas coisas diferentes. Acho que alguns projetos podem ser econômicos, outros podem não ser. Em última análise, o que outros governos estão tentando fazer é dar a eles alguns incentivos para que consigam sobreviver pelos próximos 5 a 10 anos. E então, como acontece com qualquer tecnologia, a tecnologia se desenvolverá e reduzirá os custoserdquo;, analisa.

*A jornalista viajou para o Honeywell Users Group em San Antonio, Texas, a convite e com despesas pagas pela Honeywell

Fonte/Veículo: Eixos

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