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Petróleo cai 1,5%, enquanto tarifas geram temores com demanda mais lenta

Os preços do petróleo caíram 1% nesta segunda-feira, devido a temores de que as tarifas dos Estados Unidos sobre o Canadá, México e China desacelerem as economias em todo o mundo e reduzam a demanda de energia, enquanto a Opep+ aumenta sua oferta. Os futuros do petróleo Brent fecharam a US$69,28 por barril, uma queda de US$1,08, ou 1,5%. Os futuros do West Texas Intermediate dos EUA ficaram em $66,03 por barril, com queda de US$1,01, ou 1,5%. A semana passada marcou a sétima queda semanal consecutiva do WTI, a mais longa série de perdas desde novembro de 2023, enquanto o Brent caiu pela terceira semana consecutiva. As políticas protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, agitaram os mercados em todo o mundo, com Trump impondo e depois adiando as tarifas sobre os maiores fornecedores de petróleo de seu país endash; Canadá e México endash; e também aumentando as tarifas sobre os produtos chineses. A China e o Canadá responderam com suas próprias tarifas. eldquo;Este mercado está em suspense e há muito a ser processado à medida que avançamoserdquo;, disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York. eldquo;Há rumores de recessão para os EUA e isso é muito preocupante para o quadro macroeconômico.erdquo; No fim de semana, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que Trump não diminuiria a pressão sobre as tarifas do México, Canadá e China. Os investidores agora estão preocupados com uma possível desaceleração econômica que poderia reduzir a demanda por petróleo. As ações, que são frequentemente acompanhadas pelos preços do petróleo, continuaram em queda acentuada em meio às preocupações com as tarifas, com o índice de referência Seamp;P 500 caindo 2% no meio do dia e o Nasdaq Composite caindo mais de 3%. Na sexta-feira, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, disse que o grupo Opep+ concordou em começar a aumentar a produção de petróleo a partir de abril, mas poderia reverter a decisão posteriormente se houver desequilíbrios no mercado. Também no que diz respeito à oferta, Trump está tentando sufocar as exportações de petróleo do Irã como parte dos esforços para pressionar Teerã a controlar seu programa nuclear. O líder supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, disse no sábado que seu país não será intimidado a entrar em negociações. (Reuters)

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Petrobras perde participação no mercado de gás natural e sente efeitos nas finanças

A Petrobras voltou a perder participação de mercado na comercialização de gás natural em 2024, com reflexos sobre a rentabilidade de seu negócio. A chegada de novos concorrentes (Edge, Eneva e MGás são exemplos) levou a um novo movimento de desconcentração, ainda que não o suficiente para mudar estruturalmente o setor e ameaçar a posição de agente dominante da estatal endash; que, aliás, partiu para o contra-ataque. Levantamento da agência eixos, com base em dados (preliminares) da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o market share da Petrobras caiu para menos de 70% do gás firme contratado pelas distribuidoras no Brasil. A participação do gás privado no mercado cativo (que encolheu) está em 33%. Há um ano atrás, ela era de 29%. A realidade é diferente em cada região. Por exemplo: no Nordeste, onde o mercado vive, de fato, uma desconcentração, a fatia do gás privado é de 71% (relativamente estável); e no Sudeste, a desconcentração avançou de 20% para cerca de 25%. No mercado livre, faltam dados públicos sobre o volume comercializado, mas fato é que por lá a Petrobras, embora dê sinais de reação, tem um market share menor. A seguir, a gas week mostra o impacto da abertura sobre os negócios da Petrobras e como ela dá sinais de que pretende reagir à investida da concorrência; e como o tema da desconcentração do mercado pode voltar à tona no Congresso, em meio à paralisia do assunto no campo regulatório. Os efeitos do aumento da concorrência sobre a Petrobras estão visíveis nos resultados da companhia de 2024. As vendas de gás natural da estatal recuaram 4% (ou 2 milhões de m3/dia) no ano passado, para 47 milhões de m3/dia endash; retomando, assim, patamares da década de 2000. Os indicadores financeiros da área de Gás e Energias de Baixo Carbono da petroleira seguiram o movimento: as receitas caíram 7,4% (para R$ 51,4 bilhões); o lucro bruto recuou 10,7% (R$ 24,159 bilhões); o indicador de geração de caixa (Ebitda ajustado) despencou 39,1% (R$ 8,2 bilhões); a margem Ebitda (lucratividade operacional) caiu de 24% para 16%; e o ROCE (Retorno sobre o Capital Empregado), que ajuda a medir o nível de eficiência no capital investido, baixou de 10,7% para 4,2%. Ao comentar os resultados, a estatal citou que a piora no desempenho reflete eldquo;menores volumes e preços de venda de gás, decorrentes da abertura do mercado de gás natural, da redução de market share e dos movimentos para preservação da competitividade da Petrobras, tais como o prêmio por performanceerdquo;, lançado em meados do ano passado. Petrobras promete reação No fim de 2024, a Petrobras anunciou mais uma resposta à concorrência. O prêmio de incentivo à demanda oferecerá, a partir deste ano, descontos no preço do gás para volumes acima do compromisso mínimo (take-or-pay). Promete, assim, recuperar as vendas, num momento em que a estatal se prepara para ofertar mais gás. A companhia espera iniciar, no primeiro trimestre, as operações do segundo módulo da unidade de processamento do Complexo Boaventura, em Itaboraí (RJ), com capacidade para 10,5 milhões de m3/dia. O primeiro trem da UPGN, de igual capacidade, começou a processar gás em novembro. O prêmio de incentivo à demanda introduzido pela Petrobras em sua política de preços em 2024 aumenta a competitividade da estatal frente ao gás importado endash; em especial ao gás natural liquefeito (GNL) e ao gás argentino spot, na avaliação da Rystad Energy. O reposicionamento comercial da petroleira não só estimula a retirada de volumes adicionais, como também protege a estatal da concorrência, já que oferece um desconto maior para o gás que ultrapassa o limite do take-or-pay endash; o volume mais sensível às arbitragens. A Rystad estima que o desconto oferecido pela Petrobras deve representar uma economia de US$ 132 milhões para as distribuidoras estaduais em 2025, no custo de aquisição de molécula. Dentre as concessionárias que já aderiram ao prêmio de incentivo da Petrobras estão a CEG (RJ), CEG Rio (RJ), Cegás (CE) e Copergás (PE).

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Economia brasileira cresce 3,4% em 2024, mas dá sinais de desaceleração no quarto trimestre

A economia brasileira colheu um bom crescimento no ano passado, mas deu sinais de desaceleração no quarto trimestre. Em 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,4%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 7. O resultado do PIB do ano passado ficou dentro do esperado pelos analistas consultados pelo Projeções Broadcast. As projeções variavam de alta de 3,3% a 3,6%, mas o número de 2024 veio um pouco abaixo da mediana das previsões, que era de avanço de 3,5%. eldquo;Se pegarmos o período pós-pandemia, fechamos (2024) com quatro anos consecutivos de crescimento expressivo em relação ao nosso histórico. É um crescimento importanteerdquo;, afirma Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria. No quarto trimestre, a economia brasileira avançou 0,2% na comparação com os três meses anteriores, num claro sinal de perda de fôlego. No período de julho a setembro, o País cresceu 0,7%. O resultado ficou abaixo da mediana das projeções (0,4%), mas dentro do intervalo das estimativas, que variava de alta de 0,2% a 0,8%. eldquo;Quando chega o quarto trimestre, temos a eleição do Trump e um pacote fiscal, que foi muito complicado. Em dezembro, começa a surgir uma sensação de que a desaceleração já apareceerdquo;, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos provocou um grande aumento da incerteza com as expectativas sobre as medidas protecionistas. Os juros subiram pelo mundo, e o dólar se fortaleceu em relação a outras moedas. No Brasil, o cenário foi agravado porque o pacote fiscal apresentado pelo governo foi considerado tímido.4 Em 2024, o roteiro da economia brasileira foi parecido com o de anos anteriores, com o crescimento surpreendendo positivamente. Em janeiro do ano passado, as projeções de alta para o PIB eram de apenas 2%. Uma parte do resultado mais forte do que o esperado pode ser explicado pelos estímulos fiscais. Desde o início da atual gestão, o governo conseguiu um espaço para ampliar os gastos com a aprovação da PEC da Transição. Na virada de 2023 para 2024, autorizou o pagamento de precatórios, para encerrar o calote dado pela administração do ex-presidente Jair Bolsonaro. Houve ainda o impacto do reajuste real do salário mínimo. eldquo;Foi um ano de crescimento cíclico forte e claramente acima do potencial brasileiroerdquo;, afirma Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. eldquo;A indústria cresceu forte, os serviços cresceram forte.erdquo; eldquo;Houve o pagamento de precatórios e aumento do salário mínimo. E numa época em que os juros estavam em queda. Essa combinação criou um momento positivo, que fez com que a taxa de desemprego caísse para os menores níveis da história e houvesse um crescimento real da rendaerdquo;, acrescenta. Pelo lado da oferta, a indústria avançou 3,3% no ano passado, e o setor de serviços cresceu 3,7%. A agropecuária recuou 3,2%.

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Produção de petróleo do Brasil cai 2% em janeiro, diz ANP

A produção de petróleo no Brasil em janeiro somou 3,45 milhões de barris por dia (bpd), uma queda de 2% em relação ao mesmo mês de 2024, com um recuo de mais de 6% na extração da Petrobras, maior produtora do país, apontaram dados da reguladora ANP nesta quinta-feira (6). Na comparação com dezembro, a produção brasileira cresceu 0,8%, mostraram os dados. A Petrobras produziu 2,105 milhões de bpd em janeiro, ante 2,245 milhões de bpd no mesmo mês do ano passado. Já a Shell, segunda maior produtora do Brasil e principal parceira da Petrobras no pré-sal, produziu em janeiro 360,8 mil bpd, quase estável na mesma comparação. A produção de gás natural em janeiro no Brasil, por sua vez, foi de 160,76 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), alta de 4,4% ante janeiro de 2024 e recuo de 0,2% ante dezembro. (Reuters)

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Projetos de hidrogênio verde travam com impasse sobre quem vai pagar a conta

Mais de uma dúzia de projetos para instalação de plantas de hidrogênio verde no Brasil está paralisada à espera de uma definição sobre quem, afinal, vai bancar a conta dos empreendimentos, estimada em mais de R$ 1,4 bilhão. O impasse envolve a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a ANP (Agência Nacional de Petróleo). Em dezembro do ano passado, a área técnica da Aneel chegou a aprovar 13 projetos de plantas de hidrogênio verde. Foi o primeiro pacote no país voltado para a produção do insumo que é visto como uma das principais promessas para substituir combustíveis fósseis e reduzir emissões de gases de efeito estufa. A previsão era que R$ 1,119 bilhão do valor total saísse do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Aneel, um fundo que é bancado com recursos recolhidos pelo consumidor de energia, por meio da conta de luz. Os demais R$ 367 milhões seriam investidos diretamente pelas empresas, como contrapartida de cada projeto. O plano era iniciar as construções neste ano. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, porém, pediu vista do processo por entender que os projetos consumiriam cerca de 30% dos recursos de pesquisa recolhidos pela agência pelo prazo de até quatro anos. A avaliação foi que se trata de um valor alto para bancar projetos que, na prática, estariam mais atrelados a setores como siderurgia, indústria alimentícia e petroquímica. Outra queixa diz respeito ao baixo nível de contrapartida das empresas. A maior parte possui contrapartidas variando entre 10% e 13%, sendo o mínimo exigido pelo edital de 10%. Apenas a Petrobras tem uma participação maior, com 52% de recursos diretos. Na média, o aporte das empresas ficou em torno de 24,7% do valor total. Um terceiro fator diz respeito ao papel de cada agência sobre o assunto. Uma lei publicada no ano passado delegou à ANP a regulação do hidrogênio de baixo carbono, enquanto a Aneel seguirá responsável apenas pela parte relacionada ao uso da eletricidade na produção desse hidrogênio. Além de cobrar o aumento das contrapartidas financeiras, a pressão é para que novas fontes de financiamento entrem na equação para bancar os projetos, como a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), além da própria ANP. O tema é acompanhado de perto pelo setor. "Terei reunião na próxima semana para tratar desse assunto com a Aneel. São projetos muito importantes para o setor elétrico, afinal essas áreas são eletrointensivas", diz Fernanda Delgado, diretora-executiva da ABIHV (Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde). "Essas inovações só têm a acrescentar ao setor elétrico, porque não concorrem. Pelo contrário, só trazem inovação e desenvolvimento a todo o setor." Para entrar em acordo, as duas agências reguladoras avaliam a possibilidade de publicar uma portaria conjunta para coordenar recursos, além de ranquear os projetos mais relevantes para cada setor. Até o dia 17 de março, as empresas com projetos aprovados devem apresentar um balanço sobre as sugestões de encaminhamentos sobre o assunto. Por meio de nota, a ANP declarou que "acompanha estreitamente as discussões sobre o desenvolvimento de projetos de hidrogênio de baixo carbono" e que mantém diálogo com a Aneel para avaliar possíveis sinergias. Dentro de seu setor, a ANP afirmou que já possui portfólio com 35 projetos e mais de R$ 420 milhões investidos na temática do hidrogênio, recurso que sai da obrigação das empresas do segmento investirem 1% da receita bruta em projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. "Quanto às tratativas entre a ANP e a Aneel, a ANP segue à disposição para aprofundar eventual proposta para estabelecimento de portaria conjunta, que vise à coordenação de esforços e a otimização da aplicação de recursos de PDeamp;I, sempre com foco no avanço tecnológico e na competitividade do setor energético brasileiro", afirmou a agência do setor de petróleo e gás. A Aneel afirmou, por meio de nota, que seu diretor-geral, Sandoval Feitosa, tem se reunido com as empresas dos 13 projetos, com a ANP e com órgãos de fomento (BNDES e Finep), para avaliar "eventual potencialidade de melhorar a efetividade dos incentivos providos pelo Programa de PDeamp;I Aneel e ampliar as contrapartidas". A Petrobras é dona do maior projeto, que prevê a construção de uma planta-piloto para produzir hidrogênio de forma integrada a uma refinaria de petróleo da empresa, no Rio de Janeiro, para uso do insumo pelo setor petroquímico. São R$ 497 milhões nesta iniciativa, dos quais R$ 259 milhões serão injetados como contrapartida pela petroleira. A Neoenergia, que é dona da Itapebi Geração de Energia, hidrelétrica localizada na divisa da Bahia e Minas Gerais, teve quatro projetos aprovados. Três projetos da China Three Gorges (CTG Brasil), dona da Rio Paraná Energia, também passaram pelo crivo da comissão. A meta é erguer plantas em Mato Grosso do Sul e Pernambuco. A Eneva, que atua na extração de gás no Maranhão, teve sinal verde para tocar duas plantas-piloto, em São Paulo e no Ceará. A unidade cearense deve se voltar para a produção de hidrogênio que ajude na descarbonização da indústria de alimentos, enquanto a base paulista mira a produção do insumo para usos múltiplos. Os outros três projetos aprovados pertencem à Cemig, Eletronorte e Furnas. O prazo para execução de todos os projetos é de até 48 meses e começa a valer em 2025.

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Magda diz que Petrobras investe para gerar valor e nega que governo decida pela estatal

Uma semana após o tombo das ações da Petrobras, motivado pelo susto do mercado com o aumento dos investimentos em 2024, a presidente da estatal, Magda Chambriard, defendeu à Folha que a decisão vai gerar valor real à companhia e que não houve ingerência do governo federal. Na sexta-feira (28), um dia após a divulgação do balanço de 2024, as ações da Petrobras chegaram a cair 9% na B3, com o mercado tentando entender a alta de 31% nos investimentos da empresa durante o ano e seus efeitos sobre os dividendos da companhia. "Nossos investimentos são prioridade porque geram valor real, com retornos acima do custo de capital", afirmou Magda, dizendo que a antecipação de pagamentos foi uma decisão estratégica para corrigir um descasamento entre a execução física e o fluxo financeiro de obras de plataformas. A presidente da Petrobras disse que, se pudesse, a estatal anteciparia investimentos em mais plataformas, mas não tem expectativa de repetir, em 2025, o volume de investimentos acima do previsto por seu planejamento estratégico. "Esse ajuste já foi concluído", afirmou, frisando que, uma vez que a oportunidade foi endereçada, a empresa não tem interesse em manter caixa ocioso e seguirá cumprindo sua política de remuneração aos acionistas por meio de dividendos. Ao divulgar o balanço, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 9,1 bilhões aos acionistas, cerca de metade do previsto, o que motivou a correção no valor das ações da estatal. O aumento dos investimentos foi conhecido pelo mercado logo após a empresa patrocinar dois eventos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defensor de um protagonismo da estatal no desenvolvimento econômico do país. Nas duas ocasiões, Magda falou em acelerar investimentos para gerar encomendas para a indústria nacional, uma das promessas de campanha de Lula. À Folha a presidente da Petrobras defendeu que não há interferências do governo na gestão. "Desde que assumi a Petrobras, em maio de 2024, eu e a diretoria temos tido total liberdade para gerir a empresa e tomar as decisões da forma que entendemos serem mais eficazes para a saúde financeira e o desenvolvimento da companhia", afirmou. Ela alega que há interesses comuns entre a estratégia empresarial da companhia e políticas públicas do governo, citando como exemplo os incentivos à indústria naval, fomentada por Lula em seus primeiros mandatos e em crise desde a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. "É uma iniciativa ganha-ganha: o governo vê prosperar seu desejo de reativar a indústria naval e offshore nacional, e a Petrobras tem como benefício o acesso a um mercado fornecedor próximo às suas operações, o que nos traz benefícios de custo, logística e para acompanhamento das obras", disse. Magda afirmou que "o governo não toma decisões pela companhia", mas que, sempre que possível, a intenção é trabalhar na intersecção entre políticas públicas e melhor estratégia comercial e econômica para a Petrobras. "O Estado brasileiro deseja uma Petrobras saudável e rentável, assim como nós desejamos. Aí está nosso interesse comum", afirmou. Uma das promessas de Lula adotadas pela Petrobras foi a mudança na política de preços, que deixou de estar colada à cotação internacional e passou a considerar fatores internos, como custo de produção e custo de produtos concorrentes. Desde então, o número de reajustes desabou, garantindo preços mais estáveis no mercado interno, mas sob algumas críticas a respeito da perda de rentabilidade no negócio de refino. Magda considera que a política é bem-sucedida. "Nós conseguimos abrasileirar os preços dos combustíveis. Tínhamos o objetivo de não repassar para os consumidores a volatilidade dos preços internacionais do petróleo nem a flutuação do câmbio e praticar, ao mesmo tempo, preços competitivos. Acredito que alcançamos esse objetivo", afirmou. Em 2024, a empresa não promoveu nenhum reajuste no diesel. O preço da gasolina em suas refinarias foi alterado apenas uma vez. No início de 2025, pressionada pela escalada do dólar, a estatal "entendeu que era necessário" aumentar o preço do diesel. "Nós refinamos grande parte do combustível que vendemos e temos uma extensa estrutura de transporte de derivados, espalhada por todo o país, em diferentes modais. Essas são vantagens da Petrobras em relação aos concorrentes que suportam a manutenção da nossa posição no mercado e não podem ser ignoradas na formação de preço", disse a presidente da estatal. Nos últimos meses, grandes petroleiras globais recuaram em planos de investimentos em energias renováveis, reforçando o foco nas melhores rentabilidades garantidas pelo petróleo. Magda diz que, na Petrobras, "não há passo atrás". "Nossa estratégia prevê a diversificação de fontes de energia. Estamos estudando etanol, metanol, hidrogênio verde e azul, derivados de petróleo com percentual renovável, e geração de energia renovável onshore, como eólica e solar. É isso que vai garantir nosso futuro", afirmou. Ainda assim, defende ela, o petróleo tem longa sobrevida na economia global. "Estamos caminhando para um futuro de diversidade energética e esse movimento é irrefreável. Mas ele não será possível sem a presença ainda relevante do petróleo na matriz energética mundial." A presidente da Petrobras argumenta que, mesmo no cenário de transição mais acelerada, a Agência Internacional de Energia prevê uma demanda mundial de cerca de 20 milhões de barris de petróleo por dia em 2050 e que o petróleo de baixo custo e baixas emissões do Brasil terá espaço. A empresa vive hoje um embate com o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) sobre a perfuração de um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, principal aposta do setor para repor o esgotamento das reservas do pré-sal a partir da próxima década. Magda diz ainda acreditar na licença este ano. "Estamos em diálogo permanente com o Ibama e cumprindo todas as exigências estabelecidas, como sempre fizemos", afirmou. Em março, a empresa entrega um centro de tratamento de animais em Oiapoque (AP), que entende ser a última exigência. "O que estamos prevendo para as águas profundas do Amapá é a maior estrutura de resposta a emergência do mundo. Em 45 anos atuando nessa indústria, eu nunca vi algo tão grande para salvaguarda das operações."

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