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Preços do etanol em São Paulo sofrem queda em outubro, segundo Cepea

Os preços dos etanóis no estado de São Paulo seguiram tendências opostas entre o final de setembro e o início de outubro. Enquanto o mercado manteve firmeza nas últimas semanas de setembro, o cenário mudou no começo de outubro, com quedas nos valores dos biocombustíveis. A informação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Entre os dias 23 e 27 de setembro, o mercado de etanol no estado de São Paulo apresentou alta nos preços, com o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (líquido de ICMS e PIS/Cofins) fechando em R$ 2,4752/litro, uma valorização de 2,28% em relação à semana anterior. O etanol anidro também registrou aumento, com o preço médio em R$ 2,7763/litro, uma alta de 0,24%. De acordo com os pesquisadores do Cepea, eldquo;os preços se mantiveram firmes devido à vantagem competitiva do etanol frente à gasolina C nas bombas de combustível nos principais estados consumidores.erdquo; Essa vantagem incentivou as usinas a manterem os preços elevados, apesar do ritmo de negócios mais lento, já que muitos compradores mostraram menor interesse devido às compras anteriores e à desvalorização do petróleo no mercado externo. Ainda segundo o Cepea, algumas usinas enfrentaram a necessidade de escoar estoques, o que resultou em uma movimentação mais contida no mercado spot. eldquo;Parte das unidades produtoras teve que liberar etanol dos tanques, enquanto outras preferiram se manter fora das negociações à pronta-entregaerdquo;, explicam os pesquisadores. Já entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro, os preços dos etanóis recuaram no mercado paulista. O Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou em R$ 2,4590/litro, uma queda de 0,65% em relação à semana anterior. O etanol anidro também sofreu redução, caindo 1,22%, com o preço médio de R$ 2,7425/litro. Segundo o Cepea, o recuo foi influenciado por eldquo;demandantes que seguiram tentando adquirir novos lotes a valores menores, e em muitos casos tiveram sucesso.erdquo; Além disso, algumas usinas precisaram escoar volumes que estavam nos tanques, contribuindo para a queda nos preços. No campo, a moagem da safra 24/25 na região Centro-Sul já caminha para a reta final, o que também influenciou o cenário de menor pressão de oferta, ainda que algumas usinas tenham se visto obrigadas a comercializar seus estoques.

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Operação Petróleo: Inmetro intensifica fiscalização em postos de combustíveis

Entre os dias 18 e 27 de setembro, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) realizou, através de seus órgãos delegados nos estados, a Operação Dia Mundial do Petróleo. O objetivo da ação foi garantir a segurança dos produtos petroquímicos e assegurar a proteção do consumidor. A ação abrangeu bombas medidoras de combustíveis líquidos, medidas materializadas de volume e veículos-tanque rodoviários (VTR). Ao todo, foram realizadas 3.161 ações em 876 pontos, distribuídos por 132 municípios, o que gerou 464 autos de infração. As bombas medidoras de combustíveis líquidos foram um dos principais alvos da operação, com 6.403 unidades verificadas. Essas bombas são fundamentais para garantir a medição precisa no abastecimento dos consumidores e, por isso, devem seguir rigorosos padrões de funcionamento. Também foram verificadas 334 medidas materializadas de volume, que são instrumentos utilizados para checar o volume entregue de combustível, e 907 veículos-tanque rodoviários, que transportam combustíveis e necessitam de verificações volumétricas periódicas. Dentre as irregularidades encontradas, foram detectados problemas como falhas na selagem dos veículos-tanque e vazamentos em bombas medidoras. Segundo Marcelo Morais, diretor de Metrologia Legal (Dimel) do Inmetro, os resultados da operação destacam a importância de manter um controle rigoroso sobre os instrumentos de medição. eldquo;O Inmetro reforça o compromisso com a proteção dos direitos do consumidor e a garantia de que os produtos comercializados atendam aos requisitos legais, promovendo a confiança nas relações comerciais. Essas ações de supervisão são fundamentais para que os consumidores paguem pelo volume exato que recebem, contribuindo para um mercado mais justo e seguroerdquo;, ressaltou. Orientações ao consumidor Ao abastecer o seu veículo verifique a existência do selo do Inmetro na bomba medidora de combustível; Observe se no painel da bomba o indicador do mostruário está zerado, e se eles estão em boas condições, sem qualquer rachadura; O dispositivo de iluminação da bomba também deve estar funcionando perfeitamente, garantindo a visibilidade das informações; As informações de volume, preço por litro e valor total a pagar deve estar legível e claras; Todo posto de combustível deve ter uma medida de volume padrão de 20 litros verificada pelo Instituto de Pesos e Medidas do seu estado, para garantir a exatidão da bomba medidora; Caso você desconfie do volume entregue de combustível em seu veículo, solicite o teste da bomba a qualquer momento. O responsável pelo posto deve realizar a verificação na presença do consumidor, utilizando a medida de volume de 20 litros.

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São Paulo notifica postos que sonegam combustíveis

O Governo do Estado de São Paulo começou a notificar diversos postos de combustíveis que compraram gasolina e diesel de distribuidores que sonegam impostos emdash; uma medida que pode servir de exemplo para outros estados e ajudar a reduzir um problema que tem se tornado uma avenida de financiamento para o crime organizado. As notificações começaram a ser enviadas na semana passada, quando diversos postos relataram receber o documento exigindo o pagamento dos impostos de combustíveis comprados de distribuidoras como a Refit, Fera e Império. O valor a ser pago é de R$ 1,22 por litro de gasolina. Ou seja, um posto que comprou 200 mil litros no mês teria que fazer um cheque de R$ 244 mil ao Fisco estadual. Os postos ainda podem recorrer na esfera administrativa, e o pagamento efetivo pode levar bastante tempo para acontecer. eldquo;Mas o importante é a mensagem que isso passa, o susto que gera no setor,erdquo; Emerson Kapaz, o presidente do Instituto Combustível Legal (ICL), disse ao Brazil Journal. eldquo;Com essa notificação, as revendas vão pensar duas vezes antes de comprar dessas distribuidoras que sonegam, com medo de serem cobradas lá na frente.erdquo; Para ler esta notícia, clique aqui.

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Combustível do Futuro cria ambiente favorável a diesel verde e SAF

A sanção da lei do Combustível do Futuro ontem foi bem-recebida por analistas e entidades do setor de energia, de maneira geral. Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX, disse que a sanção cria um ambiente favorável, inclusive para biocombustíveis avançados, como o diesel verde (HVO) e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). eldquo;O diesel verde e o SAF ainda não têm estrutura como o de outros biocombustíveis, como o etanol. Até por isso têm metas menos ambiciosas dentro da lei. Devido ao alto nível de tecnologia e investimento empregados, precisam de mais tempo para desenvolver projetos, e o Combustível do Futuro vem para garantir segurança ao investir nesse segmentoerdquo;, afirmou. Além disso, ela vê potencial de ganhos industriais para setores de biodiesel e etanol com a lei. eldquo;Teremos um processo natural de aumento na produção, com a diminuição da capacidade ociosa das plantas de etanol e biodiesel. (...) A tecnologia já está estabilizada no país, e uma eventual mudança na mistura aconteceria de maneira mais rápidaerdquo;, estimou. A analista ponderou, no entanto, que a medida ainda precisa de prazos e metas mais claras, que deverão ser definidos por agência e órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP ) e o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) . Para o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a sanção da lei eldquo;reforça o compromisso do Brasil em liderar o processo de transição energética, promovendo investimentos em inovação e impulsiona o desenvolvimento e a utilização de biocombustíveis sustentáveiserdquo;. Destacou a importância da lei para criar ambiente favorável a produtos como diesel verde e o SAF. Mas o instituto criticou a ausência de mandato para o chamado eldquo;diesel coprocessadoerdquo;, a parcela renovável do coprocessamento de biomassa na produção de diesel. A Petrobras é uma produtora de diesel coprocessado. O IBP também relatou preocupação com o mandato para compra de biometano ou Certificados de Garantia de Origem de Biometano (CGOB) por produtores e importadores de gás natural. Para o instituto, a política pode afetar eldquo;o preço e a competitividade do gás naturalerdquo;. Na avaliação do Instituto Combustível Legal (ICL), o Combustível do Futuro demandará atenção para a comprovação da viabilidade técnica para a elevação dos percentuais de etanol anidro na gasolina para até 35% e de biodiesel no óleo diesel em até 20% até 2030. Segundo o Instituto, outro ponto que merece atenção é a garantia de fiscalização ostensiva para manter a qualidade aos consumidores. Para este ano, o percentual obrigatório de adição de etanol à gasolina varia entre 18% e 27,5%. No caso do óleo diesel, a adição obrigatória de biodiesel é de 14%.

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Hidrogênio verde ainda não recebeu crédito do BNDES em 2 anos de programa

Uma das principais promessas do Brasil na transição energética, o hidrogênio verde ainda não tem nenhum projeto financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A situação é observada mesmo após dois anos da criação de um programa de fomento ao combustível. De acordo com o banco, a tecnologia ainda está em desenvolvimento e, mesmo no mundo, ainda tem poucos projetos em escala comercial. "No Brasil, os principais investimentos planejados apresentam diferentes estágios de maturação. Eles estão na região Nordeste, tendo em vista a disponibilidade de energia renovável e a localização privilegiada para exportação de derivados de hidrogênio para a Europa", afirma ao Painel S.A. O BNDES diz já ter mapeado projetos de hidrogênio verde em lugares como Porto de Pecém (CE), Porto de Suape (PE), Porto de Açu (RJ), Parnaíba (PI) e Uberaba (MG). Mas não há notícia de decisão final de investimento de nenhum grande projeto. "Até o momento, o BNDES não aprovou projetos de hidrogênio verde", afirma o banco. "Esperamos que até o final do próximo ano a decisão final de investimento de um grande projeto aconteça". A principal dificuldade do mercado de hidrogênio de baixa emissão de carbono é o custo, o que afasta potenciais compradores, coloca em xeque a viabilidade econômica da operação e, consequentemente, dificulta um empréstimo. A Agência Internacional de Energia vê o mercado como importante, mas uma realidade apenas de 2030 em diante. Mesmo assim, a entidade vê uma expansão nas intenções de investimento no mundo e publicou nos últimos dias um relatório em que elevou (em relação a um ano antes) em 30% a estimativa de produção do hidrogênio formulado com baixas emissões até 2030. Os projetos no Brasil podem ganhar mais fôlego agora, depois que foi sancionada pelo presidente Lula (PT) a lei que institui o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono emdash;que concede benefício fiscal a projetos do tipo. Apesar de ser considerada uma tecnologia a ser usada nas próximas décadas, pelo menos desde os anos 1970 o governo brasileiro estuda o tema. Devido aos choques do petróleo na época, o Brasil criou em 1975 o Laboratório de Hidrogênio (LH2), vinculado ao instituto de física da Universidade Estadual de Campinas, para pesquisar a produção de hidrogênio e sua utilização em motores a combustão. O hidrogênio é o elemento mais abundante e mais simples do universo, mas produzi-lo é caro. Ele não existe em sua forma atômica e raramente é encontrado naturalmente na fórmula molecular (H2). Ele se encontra associado a outros átomos na maioria das moléculas inorgânicas e orgânicas que existem, como na água (H2O). As dificuldades começam na tarefa de separá-lo e continuam ao longo da cadeia. Estudos reunidos em artigo do próprio BNDES em 2022 apontam que a quantidade de energia perdida desde a conversão de eletricidade em hidrogênio, seu transporte, armazenamento e reconversão em eletricidade está na ordem de 70%. Mesmo assim, há vantagens. O hidrogênio apresenta grande densidade energética (grande conteúdo energético por unidade de massa), mais do que os combustíveis comuns. Um quilo de hidrogênio contém 2,75 vezes a energia existente na mesma massa de gasolina, por exemplo. Por outro lado, ele tem uma das menores densidades energéticas em relação ao volume. Em condições normais de temperatura e pressão, um quilo de hidrogênio ocupa 12 mil litros. Para colocá-lo na forma líquida, o que reduziria enormemente o espaço ocupado, é preciso uma temperatura de -259 graus (apenas 14 graus acima do zero absoluto, a menor temperatura possível de existir). O alto custo de todo o processo pode ser mitigado por meio de projetos em escala. Nos Estados Unidos, por exemplo, estão sendo desenvolvidos projetos para que empresas (como indústrias ou data-centers) sejam instaladas ao redor de grandes centros (hubs) de produção de hidrogênio emdash;o que diminuiria despesas com o transporte, por exemplo.

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Galípolo é aprovado pelo Senado para presidir BC; saiba o que ele respondeu na sabatina

O Senado aprovou, em plenário, o nome do atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, para a presidência da instituição, por 66 votos a 5, em votação secreta, nesta tarde de terça-feira, 8. Mais cedo, a indicação havia sido aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado por 26 votos a zero. Galípolo foi indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto e precisava passar pela sabatina com os senadores. O diretor comandará a autoridade monetária a partir de janeiro de 2025, quando o atual presidente, Roberto Campos Neto, deixará a presidência da instituição. O placar obtido por Galípolo na CAE é idêntico ao que recebeu Campos Neto, em 2019. A pedido do senador Izalci Lucas (PL-DF), o painel para votação foi aberto antes de a sabatina terminar. O parlamentar argumentou que Galípolo já havia eldquo;conversado com todos os senadoreserdquo; e, por isso, eles poderiam votar a indicação. Há pouco mais de um ano, em julho de 2023, Galípolo já havia passado por uma sabatina, quando era candidato ao cargo de diretoria, que ocupa hoje. Na ocasião, recebeu 23 votos favoráveis e dois contrários. Desde que foi indicado por Lula, o postulante ao cargo visitou 48 senadores da base governista e da oposição para se reapresentar ao Congresso. A aprovação do atual presidente do BC para o cargo, Roberto Campos Neto, pela CAE do Senado ocorreu por unanimidade, com 26 votos favoráveis. A sabatina ocorreu em 26 de fevereiro de 2019. Seu antecessor, Ilan Goldfajn, foi aprovado em 7 de junho de 2016 por 19 votos a favor e oito contra. Já Alexandre Tombini recebeu 22 eldquo;simerdquo; contra um eldquo;nãoerdquo;, em 7 de dezembro de 2010, enquanto o placar de Henrique Meirelles foi de 21 a 5, em 17 de dezembro de 2002. Liberdade para tomar decisões Durante a sabatina, Galípolo disse que sempre ouviu do presidente Lula a garantia da liberdade na tomada de decisões da instituição. eldquo;Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro, que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiroerdquo;, relatou. Galípolo chegou por volta das 10h30 desta terça-feira, 9, à sala da CAE. No início de sua fala, o diretor disse ser um privilégio ter sido indicado para presidir o Banco Central pelo presidente Lula. eldquo;Estar indicado pelo presidente Lula é uma grande honra e enorme responsabilidade.erdquo; Galípolo também ressaltou que compete ao BC ser o guardião da moeda. eldquo;A confiança depositada à instituição é um dos pilares centrais da sociedade civil organizada como nós conhecemos. Então isso por si só já é uma enorme responsabilidade. Essa responsabilidade é amplificada pelos desafios impostos, pelo quadro histórico em que a gente vive, mas também pela confiança que é depositada em mim e em toda a diretoria do Banco Centralerdquo;, afirmou. Ele disse que, apesar de poder estar eldquo;meio fora de modaerdquo;, a tentativa é de evitar antagonismos e cizânias para tentar construir e exaltar a convergência e o diálogo. eldquo;Faço questão de reafirmar: todas as conversas com as senadoras e senadores, independente do partido, se oposição ou situação, também foram no sentido de me assegurar a liberdade na gestão e de manter o compromisso com o nosso povo e com o nosso Paíserdquo;, descreveu. No início de sua fala, Galípolo afirmou que foi orientado a manter a formalidade durante a sabatina quando se referir aos parlamentares, mas pediu desculpas antecipadamente por algum eldquo;escorregãoerdquo;. eldquo;Dentro dos diversos conselhos e orientações que eu recebi da assessoria parlamentar do Banco Central, uma delas foi para eu observar e vigiar a formalidade quando dirigira palavra a senadoras e senadores. Mas chegando aqui e encontrando, lembrando e tendo o sentimento da forma como fui recebido por essa casa, achei que era prudente já começar a pedir desculpas por um eventual deslizeerdquo;, disse. Ele salientou que foi recebido pelos senadores, apesar do período das eleições municipais, assim que foi indicado pelo presidente Lula. eldquo;Faço questão de registrar publicamente todas as conversas que fiz com todas as senadoras e senadores, cada questionamento, cada conselho, cada pergunta foram sempre do sentido da preocupação, da demanda e do destino de nosso povo e nosso Paíserdquo;, citou. eldquo;Todos os questionamentos, todos os conselhos de quem conhece mais profundamente o Brasil que tive a oportunidade de ouvir.erdquo; A sessão desta terça-feira da CAE do Senado foi aberta por seu presidente, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), com elogios ao atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto. O parlamentar lembrou que ele foi eleito por três vezes o melhor banqueiro central do mundo. eldquo;Quero, ao final, fazer uma homenagem especial ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, eleito por três vezes o melhor presidente de Banco Central do mundoerdquo;, disse Vanderlan. eldquo;Mesmo diante de pressões deste e do governo anterior, Roberto manteve a mão firme e não deixou a política de juros e a inflação desandarem. É um craqueerdquo;, afirmou. Ao final da apresentação, o presidente da CAE lembrou também da atuação do avô de Campos Neto, que foi senador. elsquo;Competência de empresáriosersquo; O diretor do BC lembrou que o Brasil enfrentou durante os anos 1980 uma crise profunda, levando à moratória da dívida externa e à exclusão do circuito financeiro internacional. eldquo;Hoje, o Brasil é credor líquido internacional com mais de US$ 350 bilhões de reservas. O Brasil apresenta, hoje, um superávit comercial sólido e estrutural graças à produtividade e à competência dos seus empresários com destaque à competitividadeerdquo;, afirmou. Além disso, segundo ele, o Brasil se solidificou como exportador de produtos como o petróleo, combinado com uma matriz energética limpa e diversificada. Ele também falou que a segurança alimentar e energética são vantagens especialmente relevantes em momentos de tensões políticas elevadas. eldquo;Tudo isso representa um enorme avanço em contraste com as condições observadas na década de 70, que em última análise contribuiu para a crise da década de 80. Durante a década de 80 e início da década de 90, a economia foi assombrada pelo fantasma da hiperinflaçãoerdquo;, recordou, citando que, em março de 1990, a inflação no Brasil disparou para surpreendentes 6.821% ao ano. Galípolo ressaltou que durante esse período, os planos econômicos de moedas nacionais eram substituídos e trocados com mais frequência do que os técnicos de futebol no Brasil. eldquo;Em 2024, o plano real completa 30 anos e o sistema de metas de inflação comemora 25 anos. Hoje o Brasil é reconhecido por sua estabilidade monetária.erdquo; Juro restritivo O diretor do Banco Central afirmou que cabe à instituição colocar o juro em nível restritivo pelo tempo necessário para atingir meta. eldquo;Sou daqueles que defendem que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação dentro do Conselho Monetário Nacional (CMN)erdquo;, repetiu. eldquo;Hoje temos uma meta estabelecida de 3%, que cabe ao Banco Central perseguir de maneira efetiva, colocando a taxa de juros em um nível restritivo pelo tempo que for necessário para se atingir essa meta. Essa é a função do Banco Central, assim que funciona o arcabouço institucional e legal do Banco Centralerdquo;, continuou. Ele comentou o tema ao abordar a questão da autonomia da instituição. eldquo;Sou relativamente novo na vida pública, mas aprendi que nos debates da vida pública existem algumas palavras-chave, que são quase um gatilho. E eu aprendi que autonomia é uma dessas palavras que costumam gerar um debate acaloradoerdquo;, argumentou. eldquo;Eu costumo brincar: a gente precisa fazer um rebrand, a gente precisa reexplicar a ideia de autonomiaerdquo;, disse. Galípolo salientou que o BC tem autonomia operacional para buscar as metas que foram estabelecidas pelo poder democraticamente eleito. eldquo;A gente só pode até a adolescência achar que fazemos o que bem entendemos. Depois disso, não podemos mais achar issoerdquo;, considerou, continuando com a afirmação de que cabe ao BC e à sua diretoria perseguirem a meta de inflação. A autonomia da autoridade monetária, de acordo com o diretor, não deve passar a ideia de que o BC deve eldquo;virar as costaserdquo; ao poder democraticamente eleito. Ele também reforçou a necessidade de haver um arcabouço institucional que permita ao BC desempenhar suas funções. Inflação Galípolo disse que, durante os últimos 12 meses, foi possível observar os núcleos de inflação no Brasil em patamares equivalentes aos das economias mais desenvolvidas e estáveis do mundo, como Estados Unidos e Reino Unido. eldquo;Nós vamos estar sempre sujeitos a momentos mais desafiadores, mas a atuação do Banco Central tem sido inequívoca na perseguição da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)erdquo;, afirmou. Ele comentou que pode haver frustrações em relação aos avanços e a um ritmo mais lento e trajetória menos linear de queda do juro que o desejado. eldquo;Mas penso que os avanços correspondem aos pesos e contrapesos próprios do processo democrático e o tempo necessário para o debate público e a construção de conceitos. E eu prefiro sempre as dores do processo democrático do que as falsas promessas de atalhoerdquo;, disse. O diretor disse reconhecer que ainda que existem numerosos desafios pela frente, citando a consolidação de uma agenda capaz de criar uma economia mais dinâmica e transparente, capaz de combinar maior produtividade e sustentabilidade, o que envolveria o compromisso permanente do Banco Central. eldquo;Já foi dito que o banqueiro central deve ser o último dos otimistas e o primeiro dos pessimistas.erdquo; Galípolo também ressaltou que o Brasil também não está ileso à sujeição na economia mundial. eldquo;O Brasil tem a oportunidade histórica de se apresentar como um destino atrativo para o empreendedorismo e a inovação voltado para a economia sustentável, se consolidando por um polo de referência global na erradicação da pobreza e crescimento da produçãoerdquo;, disse, reafirmando seu compromisso com o mandato estabelecido pelo arcabouço institucional e legal para a autoridade monetária brasileira. Gastos fiscais O diretor repetiu o que Campos Neto tem dito para explicar os gastos fiscais de países avançados na pandemia e o efeito sobre países emergentes. Galípolo disse concordar eldquo;integralmenteerdquo; com o que vem defendendo o atual presidente do BC e citou uma fala do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill durante sua fala. eldquo;Sobre a questão da pandemia, existe uma correlação com o tema climático e com o custo da dívida. Durante a pandemia, Roberto Campos Neto tem dito em vários fóruns, e vou reproduzir a fala porque concordo integralmente: os países avançados fizeram um esforço fiscal maior que países emergentes ou de baixa renda para responder à pandemia. Imediatamente, começa a discussão sobre o processo inflacionárioerdquo;, disse. Galípolo observou que esse eldquo;é um grande debate global, o quanto aquele processo correspondia a um choque de oferta pela desarticulação das cadeias produtivas e dificuldade de produzir, e quanto correspondia a uma questão de demanda decorrente dos programas de transferência de renda e socorro por causa da pandemiaerdquo;. eldquo;Existia essa discussão. Minha posição, eu recorro sempre quando tem esse debate a uma fala do Churchill, é que a verdade é uma adúltera, nunca está com uma pessoa só. Provavelmente você consegue encontrar explicações nos dois elementos. Não precisa ser um ou outro. Me parece que é um e outroerdquo;, completou. Segundo ele, após a pandemia os preços relativos se estabeleceram, mas a remuneração do trabalho eldquo;ficou relativamente defasadaerdquo;. Galípolo citou estudos, principalmente nos Estados Unidos, que tentam explicar por que a avaliação e popularidade do governo não acompanha o crescimento econômico. eldquo;A sensação do cidadão é que está melhor que no ano passado, mas já tive mais poder de compra dez anos atrás, cinco anos atrás. Se criar um ambiente para que a tentativa de correção da remuneração do trabalho repasse enquanto custo para quem contrata e consiga encontrar um ambiente de demanda aquecida suficiente para repassar para preço ao consumidor final, o poder aquisitivo não vai ser reposto para o trabalhador e pode inaugurar uma espiral inflacionáriaerdquo;, disse. Projeções de crescimento O diretor do Banco Central reconheceu que há anos as projeções de crescimento do Brasil vêm sendo revistas eldquo;sistematicamente ao longo do ano para cima, surpreendendo positivamente em relação a crescimentoerdquo;. eldquo;Este ano não foi diferente. Existem diversos estudos que tentam explicar por que tem acontecido isso. Uma tendência é que o PIB potencial do Brasil teria sido elevado por reformas recentes, mas a mensuração do ganho de produtividade costuma ser mais difícil de apontar de forma evidente, é mais evidente no agroerdquo;, disse. Segundo Galípolo, eldquo;o próprio FMI fez uma revisão agora elevando o que se entende ser o PIB potencialerdquo;. O indicado à presidência do Banco Central afirmou que eldquo;existe uma correlação com a questão da política fiscal e o nível de atividade econômica, não apenas olhando o volume de estímulo fiscal, mas a composição fiscal qualitativa da política fiscalerdquo;. Ele argumentou que eldquo;sempre que isso acontece, a propensão a consumir tende a se elevarerdquo;. eldquo;Quando redistribui renda, tem um efeito para consumo e isso se adéqua ao que a gente vem assistindoerdquo;, completou. Galípolo chamou de uma eldquo;modernização e adequação às melhores práticaserdquo; a mudança sobre as metas de inflação e lembrou que o Banco Central já trabalha com essa alteração de meta contínua. Ele ressaltou que a eldquo;inflação de 2024 é bastante relevanteerdquo;, e reiterou que o um horizonte relevante do BC é mais à frente. Na última reunião do Copom, o horizonte na mira do BC foi o 1º trimestre de 2026. eldquo;O horizonte relevante que estamos olhando é mais para frente. Tem uma desancoragem que não foi alterada na última pesquisa Focus e que nos incomoda. Em conjunção com essas diversas variáveis - expectativas desancoradas, mercado de trabalho mais apertado, condições que parecem adversas de um câmbio que parece permanecer mais desvalorizado do que há um tempo atrás e uma economia crescendo acima das projeções originais - recomendaram maior prudência sobre a política monetáriaerdquo;, declarou. Galípolo disse que a instituição tem debatido a necessidade de estudos para entender impactos da tributária nos preços. Segundo ele, seria interessante ver um trabalho sobre a distribuição entre setores, como serviço, indústria e também entre consumo e investimento. eldquo;Não é simples, até porque a gente não tem a redação final, a gente não sabe qual é a solução final, nem mesmo a solução final e fazer projeções é sempre muito difícilerdquo;, disse. Ele salientou sobre a importância de se tatear essas mudanças tributárias e relatou sobre a provocação que o Banco Central tem feito aos meios acadêmicos e outras instituições para que possam fazer estudos sobre esse tipo de impacto. Estágio diferente da economia brasileira Galípolo disse que a economia brasileira tem dando sinais de estar em um estágio diferente do restante do mundo. Segundo ele, os dados sugerem que a economia brasileira não está em processo de desaceleração. eldquo;Quando a gente olha para a economia brasileira, ela dá sinais de estar em um estágio diferente de boa parte das economias do mundo. Se pegarmos o início dos anos 2000, tinha uma série de fatores que colaboravam, China crescendo e exportando desinflação e importando commodities. EUA e Europa com taxas de juros baixas e jogando liquidez no mundo. Hoje, Japão está começando a subir juros depois de muito tempo, China em desaceleração, EUA na discussão de aterrissagem suave ou abruptaerdquo;, afirmou. Segundo ele, eldquo;os dados do Brasil são de desemprego na mínima da série histórica, renda com crescimento de 12% desde o início de 2023 e uma combinação entre inflação e desemprego que vai estar entre as melhores desde o Plano Real, a indústria no máximo da capacidade instalada dos últimos 11 anos, serviço no máximo dos últimos dois (anos)erdquo;. Galípolo disse que eldquo;vários dados sugerem uma economia que não está em processo de desaceleração, parece estar pujanteerdquo; e completou: eldquo;Isso não é ruim, mas cabe ao Banco Central estar de olho na inflaçãoerdquo;. eldquo;Isso sugere ao BC que a gente deve assistir a um processo de desinflação mais lento e mais custoso. Como não cabe ao BC correr risco, a função é ser mais conservador para garantir que a taxa de juros está no patamar necessário para se atingir a meta que foi definidaerdquo;, finalizou. Câmbio flutuante Galípolo repetiu na sabatina que o regime de câmbio brasileiro é flutuante e, com isso, a cotação da moeda serve para absorver eventuais choques que atinjam a economia. Ele lembrou que as preocupações sobre o câmbio oscilam e disse que, quando foi indicado para a diretoria do BC, em meados do ano passado, havia a preocupação de que a autarquia se tornaria mais intervencionista. Depois, esse polo mudou. eldquo;No ano de 2023, foi o primeiro ano que a gente não fez nenhuma intervenção extraordinária no final do ano. Aí eu passei a ser acusado de ser mão fraca, elsquo;ele não intervém, ele deixa correr.ersquo; Então, essas coisas às vezes oscilam muitoerdquo;, ele disse, respondendo a perguntas de senadores. Ele disse, também, que o BC tem uma institucionalidade eldquo;muito bem consolidadaerdquo; na política cambial, que sabe mensurar, agregar a informação e reagir, quando necessário. eldquo;Eu tenho tentado o máximo possível trazer essas conversas e diálogos para colegiadoserdquo;, ele acrescentou, citando os outros sete diretores e o presidente do BC. Relação entre BC e Executivo O diretor do Banco Central disse sentir que eldquo;frustrou as expectativaserdquo; de que a sua chegada à autarquia, em meados do ano passado, causaria uma ampla disputa dentro da diretoria. eldquo;Eu sinto que eu gerei uma grande frustração, talvez, na expectativa que existia de que ao entrar no Banco Central fosse começar um grande reality show, com grandes disputas e brigas ali dentroerdquo;, afirmou. Ex-secretário-executivo da Fazenda na gestão Haddad, Galípolo foi indicado para a diretoria de Política Monetária do BC em julho do ano passado, com o objetivo de eldquo;harmonizarerdquo; a relação entre a autoridade monetária e a equipe econômica. Na sabatina, o diretor afirmou que tem eldquo;a melhor relação possívelerdquo; tanto com o presidente Lula, quanto com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. eldquo;Faço uma mea culpa: eu gostaria de, dentro das minhas funções, ter colaborado para que essa relação entre o Banco Central e o próprio Poder Executivo fosse melhor ainda do que ela tem sidoerdquo;, afirmou. Galípolo não respondeu a um questionamento do senador Izalci Lucas (PL-DF), que havia perguntado se Galípolo considera as críticas de Lula a Campos Neto eldquo;justaserdquo;. Avanço institucional Ao lado do autor da PEC 65, que dá autonomia orçamentária e financeira ao Banco Central, senador Vanderlan Cardoso, Galípolo defendeu que a autarquia esteja disponível para conduzir seu avanço institucional. eldquo;É superimportante que o Banco Central esteja disponível e toda a instituição tem de disponibilizar e discutir seu avanço institucionalerdquo;, disse. Ele disse considerar que o avanço institucional é algo relevante para ser discutido hoje. eldquo;É necessário a gente dar as condições necessárias para que as pessoas possam trabalhar. Não só com o serviço remuneratório delas, mas da infraestrutura necessária, e entendo que hoje está se discutindo muito mais o formato que vai se dar essa discussão de uma evolução institucionalerdquo;, defendeu. O diretor disse concordar com o senador Sergio Moro (União-PR) sobre a importância também de o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ter a infraestrutura necessária para a função que desempenha. Número de servidores do BC Galípolo disse que seria preciso haver mais servidores no Banco Central e elogiou os funcionários da autoridade monetária. eldquo;A gente vem passando por uma redução do número de pessoal com mais atribuições. Como falei, já disse várias vezes, cada reunião com servidores do BC é uma pós-graduação. O nível de excelência dos servidores do BC é fantásticoerdquo;, disse. eldquo;Precisaríamos ter mais gente (no BC). Para além disso, parece que o tema da PEC é exclusivamente remuneratório. Também é, para ter flexibilidade para essas necessidades que são desempenhos de função, mas também existem vários outros temas, de infraestrutura institucional e legal para se fazer investimentoserdquo;, declarou. Ele também defendeu que o papel do BC sobre o fiscal é reforçar a sua função de reação. Apostas online Galípolo afirmou que o BC não tem atribuição para regular sites de apostas. eldquo;O Banco Central não versa ou não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets, não é o papel do Banco Central. A discussão em si é sobre qual é o impacto das bets do ponto de vista de consumoerdquo;, disse. Ele voltou a dizer que, ao analisar dados do crescimento da renda, do consumo e da poupança, foi constatada a existência de um vazamento que não era simples de identificar. eldquo;Nós passamos a fazer estudos internos e a dialogar com diversos bancos e instituições financeiras que podiam ter dados e acessam a informação sobre issoerdquo;, descreveu, acrescentando que, no início, estava desconfiado da grandeza dos dados. Ele citou o estudo feito pelo Banco Central sobre o tema e voltou a dizer que a instituição não tem qualquer solução sobre a regulação de jogos e apostas. eldquo;A nossa função é muito mais tentar entender qual é o impacto disso em consumo, em endividamento das famílias, como é que a gente consegue explicar a relação entre a atividade econômica, despesas e o impacto para a inflaçãoerdquo;, enumerou. Transição verde Galípolo disse que o impacto da transição verde tem relação com as atividades da instituição e é preciso que seus integrantes fiquem atentos. eldquo;Este é um dos temas mais interessantes, mas que, mesmo os maiores bancos centrais do mundo, têm bastante diferença sobre o quanto isso deveria ser incorporado no mandato do Banco Central, ou nãoerdquo;, considerou. Existe um lado, segundo ele, que todo BC terá de lidar, pois a transição climática tem impacto na economia, nos preços. Galípolo citou os Estados Unidos como exemplo. eldquo;Como é que isso vai impactar, seja do ponto de vista de produção de alimentos, seja do ponto de vista que as fontes de energia não renováveis e hoje menos competitivas do que as demais?erdquo;, questionou. Por isso, de acordo com ele, é preciso que os bancos centrais estejam atentos. eldquo;O que dificulta muito na nossa vida é que eu disse que as projeções, sobre o que vai acontecer com a economia, já são bastante complexas a serem feitas. Agora, a gente tem que adicionar também as projeções climáticas junto com as projeções econômicas, o que dá uma certa exponencialidade nas dificuldades das previsõeserdquo;, ponderou. Para o diretor, no entanto, o BC brasileiro é um dos mais atentos ao tema e tem tentado colaborar tanto com outros bancos centrais, quanto com o próprio governo sobre este tema. eldquo;Tem um tema recorrente na participação que existe no G20 do Brasil, então é um tema muito caro para todos nóserdquo;, pontuou. Galípolo voltou a dizer que se trata de uma grande oportunidade para o Brasil, porque tem segurança alimentar e energética e matriz limpa.

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