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O barato que sai caro

No fim de agosto, o governo alterou normas estabelecidas pelo decreto que regulamentou a Lei do Gás de 2021 sob o argumento de que é necessário baratear o gás, exatamente o principal objetivo da legislação de três anos atrás. Recorrendo ao mais puro arbítrio estatal, o presidente Lula da Silva aumentou, por decreto, os poderes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para, na prática, interferir diretamente nos planos de negócios elaborados pelas empresas. Mais do que desconsiderar as complexidades de um setor que está a léguas de atingir níveis de competitividade capazes de baratear o produto conforme as irrevogáveis leis de mercado, o governo misturou no mesmo balaio questões tão complicadas quanto diferentes, que carecem de debates em separado, como explicou em entrevista ao Estadão Edmar Almeida, pesquisador do Instituto de Energia da PUC-RJ e presidente da Associação Internacional de Economia em Energia. E ainda tratou todo o setor de óleo e gás como um instrumento estatal. Temas como transição energética, preço do gás e revisão de planos de desenvolvimento de campos de exploração de petróleo se embaralharam, com a finalidade óbvia de atender aos interesses do governo Lula e sua controversa política desenvolvimentista. Mas a questão de maior relevância, que é a concorrência, capaz de puxar preços para baixo, foi ignorada. A partir da abertura do mercado de gás, várias empresas passaram a vender gás e, como lembrou Almeida, onde há mais competição, como no Nordeste, o gás é mais barato do que em locais onde a Petrobras é ainda monopolista ou detém grande parte do mercado. O decreto parte da premissa de que ampliar a oferta de gás fará cair o preço. Para isso, criou instrumentos como o plano integrado das infraestruturas de gás endash; principalmente para construção de gasodutos endash; e a revisão dos planos de desenvolvimento de produção de petróleo e gás que, além do alto potencial intervencionista, só terão efeito a muito longo prazo. A região do pré-sal da Bacia de Santos, alvo principal da medida, já tem projetado o terceiro gasoduto, o Rota 3, e qualquer volume adicional ao já previsto vai depender da construção de novas rotas, o que demanda não apenas alto investimento, como tempo, já que obras desse porte costumam se estender por cinco anos. Em 2009, durante o segundo governo de Lula da Silva, foi criado o Plano Decenal de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (Pemat), que, como a legislação atual, também tinha caráter determinativo, mas apenas para a parte de transporte. O primeiro projeto decorrente daquele plano só saiu em 2014, cinco anos depois. É um exemplo dado pelo próprio governo lulopetista de que não basta ordenar que um investimento seja feito para que ele se materialize, como num passe de mágica. Mesmo a Petrobras, mais estatal do que privada, tem de imprimir alguma razoabilidade a seu plano de negócios. O decreto de Lula da Silva determina que os investimentos da indústria vão se dar a partir do planejamento feito pela EPE, que vai indicar os novos gasodutos, sistemas de escoamento, unidades de processamento, oferta e demanda. Como afirmou Edmar Almeida, além do desafio técnico de atender a um projeto que não saiu de suas pranchetas, as empresas poderão também pressionar o governo para que seus próprios projetos estejam no plano. Ou seja, o governo pode estar apenas incentivando pressões lobistas e atrasando ainda mais o desenvolvimento do setor de gás. O decreto, como já dissemos neste espaço, passa ao largo de questões fundamentais, como qual será a fonte de financiamento desse plano de ampliação de gasodutos. O Rota 3, da Petrobras, por exemplo, é estimado em torno de US$ 2,5 bilhões. Determinar a construção é a parte mais fácil e, sendo uma deliberação federal, imagina-se uma parceria com o setor privado. O dinheiro para tanto é o enigma do decreto, que prevê limitar a exportação de gás, reduzir a injeção de gás na produção de petróleo e estabelecer a remuneração dos donos de dutos endash; enfim, piorar o ambiente de negócios.

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Lula anuncia criação da Autoridade Climática em meio ao avanço de queimadas e seca no País

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira, 10, a criação da Autoridade Climática, órgão concebido ainda durante a campanha eleitoral de 2022 para cobrar das demais áreas do poder público o cumprimento de metas ambientais, mas que ainda não foi implementado. A medida foi anunciada em meio ao avanço de queimadas e seca recorde em diferentes regiões do País, como no Pantanal e Amazônia. A atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a ser cogitada para ocupar o posto durante a transição de governo, o que não aconteceu. eldquo;Nosso objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir de um plano nacional de enfrentamento aos riscos climáticos extremos. Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desse fenômeno. Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federalerdquo;, disse o presidente da República. O desenho específico desse novo órgão deveria ter sido enviado até março de 2023 ao Congresso, o que não ocorreu. Ele teria como finalidade produzir subsídios para a execução e implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, além de regular e monitorar a implementação das ações relativas às políticas e metas setoriais de mitigação, adaptação e promoção da resiliência às mudanças climáticas. Lula discursou em Manaus durante evento com prefeitos para anunciar medidas de mitigação dos efeitos das secas na região amazônica. O petista disse que é proibido fazer queimadas em época errada, e que quer provar ser possível melhorar de vida sem destruir o ambiente. Segundo ele, é preciso valorizar quem deixa a floresta de pé. eldquo;A gente pensava que pegava fogo só no Pantanal, que pegava fogo só na Caatinga, que pegava fogo só na Mata Atlântica, que pregava fogo só na Amazônia. Não. Pegou fogo em 45 cidades no mesmo dia em São Paulo. E esse fogo é criminoso, é gente que está tentando colocar fogo para destruir esse paíserdquo;, disse o presidente da República. eldquo;Precisamos ter consciência que nós precisamos punir quem faz queimada. É proibido fazer queimada em época errada. Muitas vezes o companheiro pequeno produtor tenta fazer uma queimada na terrinha dele para fazer o roçado, mas ele pode perder o controle e aquilo pode destruir coisa que ele nem sabe que vai destruirerdquo; declarou o petista. Ele mencionou a qualidade do ar de São Paulo, que foi a pior entre as principais metrópoles do mundo nos últimos dias.

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Incêndios e seca faz chover incertezas para safras de açúcar e etanol; 'Perdas podem superar 470 mil

A safra 2024/2025 de cana-de-açúcar caminha cheia de incertezas, em especial para o volume a ser processado e às produções de açúcar e de etanol, por conta dos impactos da seca e de incêndios no final de agosto, de acordo com o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea). Com isso, a StoneX fez um levantamento sobre os incêndios nos canaviais paulistas em agosto. Segundo os dados da plataforma de monitoramento das queimadas no Brasil, a Terrabrasilis endash; coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) endash;, agosto foi o mês que mais registrou incêndios na história do estado de São Paulo, totalizando 3.612 focos ativos no período. Cruzando os dados do Terrabrasilis e do Painel do Fogo, foram identificados entre 210 e 220 mil hectares com cobertura de cana sob área de influência das queimadas no período analisado (22 a 24/ago) no estado de São Paulo. Considerando um raio de 5 km no entorno das usinas do estado, 29 das 172 unidades tiveram impacto das queimadas, sendo 19 delas apenas nas mesorregiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Áreas de SP mais afetadas pelos incêndios No total das nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo. No total das nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo. Entre as mesorregiões que tiveram mais impactos nos canaviais, estão: Ribeirão Preto: 7,6% Araraquara: 6,1% São José do Rio Preto: 4,0% Araçatuba: 3,6% Piracicaba: 2,1% Bauru: 1,8% eldquo;No geral, entende-se que os impactos para o plantio de 2025/26 (abr-mar) e para a cana disponível no ano que vem preocupam mais o setor, especialmente por trazer perdas diretas de área e onerar produtores e usinas com o replantio. Para 2024/25, as perdas são incertas, seja pela dificuldade de identificar o tipo de cana em cada área, seja porque mesmo queimada a cana ainda pode ser moída e aproveitadaerdquo;, explicam Marcelo Di Bonifacio e Vitor Andrioli.

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Petróleo fecha em queda de 4%, limitado por projeção da Opep de queda na demanda

O petróleo recuou mais de 4% nesta terça-feira (10) após o relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) indicar uma desaceleração da demanda de alguns países, especialmente da China. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para outubro fechou em queda de 4,31% (US$ 2,96), a US$ 65,75 o barril emdash; o menor nível desde março de 2023 emdash;, enquanto o Brent para novembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve perdas de 3,69% (US$ 2,65), a US$ 69,19 o barril, alcançando o menor nível desde dezembro de 2021. O analista da StoneX Bruno Cordeiro justifica a queda nos preços da commodity como reflexo das expectativas de mercado sobre a demanda global. De acordo com ele, o relatório da Opep tocou em um ponto sensível dos mercados, que é a demanda chinesa, que já estava em foco em pregões anteriores. Segundo a instituição, o mercado está mais pessimista em relação ao consumo de petróleo também devido a uma desaceleração econômica e à eletrificação de frotas. eldquo;O sintoma atual é de pessimismo gerado por essa perspectiva de um menor consumo, não só no curto prazo, mas também no longo prazoerdquo;, explica. Para o Julius Baer, o momento difícil para os preços do petróleo deve continuar, o que os levou a reduzir as expectativas para o óleo. eldquo;A demanda está parcialmente estagnada, a produção cresce nas Américas e o mercado de petróleo provavelmente entrará em excedentes de fornecimento no ano que vemerdquo;, menciona em relatório. Nesta terça-feira, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos também publicou o relatório Perspectiva de Energia no Curto Prazo (Steo, na sigla em inglês) de setembro e reduziu a previsão para o preço médio do barril de Brent e do WTI.

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Petróleo derrete, mas Petrobras deve esperar para mexer no preço da gasolina

Com temores sobre o ritmo de recuperação da economia global, as cotações internacionais do petróleo despencaram nesta terça-feira (10) para os menores níveis em quase três anos. A Petrobras, porém, ainda deve esperar para definir corte nos preços dos combustíveis. O petróleo tipo Brent, referência internacional de preços negociada em Londres, fechou cotado a US$ 69,19 por barril, queda de 3,69% em relação ao fechamento anterior e o menor patamar desde o fim de 2021. O WTI, negociado nos Estados Unidos, caiu 4,31%, para US$ 65,75 por barril. Segundo analistas, o cenário reflete desconfiança sobre os rumos da economia chinesa e dados mais fracos sobre o desempenho econômico dos Estados Unidos. A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu na semana passada manter cortes voluntários em sua produção até o fim do ano para tentar segurar os preços, mas o mercado vê crescimento da oferta em outras áreas do mundo, incluindo o Brasil. Nesta terça, a própria Opep reduziu suas projeções de crescimento da demanda em 2024, citando a China como preocupação. O governo dos Estados Unidos, por sua vez, cortou sua projeção de preços tanto para 2024 quanto para 2025. "Podemos usar o relatório da Opep como pretexto [para a queda desta terça], mas trata-se da continuação de um movimento que começou há várias semanas", afirmou Matt Smith, da consultoria Kpler. "O mercado está ajustando suas previsões com base em uma demanda fraca." O movimento de queda nos preços, que se iniciou em maio, eliminou as defasagens dos preços dos combustíveis no Brasil, que persistiam desde o início do ano. Na abertura do mercado desta terça, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava R$ 0,16 por litro acima da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). O diesel estava R$ 0,07 por litro mais caro. Dados da Abicom indicam que a Petrobras vem vendendo a gasolina acima da paridade desde meados de agosto, mas o mercado não espera que a estatal reduza o preço neste momento. A percepção é compartilhada por fonte próxima à administração da empresa. Desde que implantou sua nova política de preços, em maio de 2023, a estatal tem passado longos períodos sem reajustes e o prêmio obtido agora ajuda a compensar as perdas com a manutenção de preços defasados ao longo do ano, dizem as fontes. Há, ainda, uma percepção de volatilidade no mercado que não permitiria ainda estabelecer um novo patamar para as cotações internacionais do petróleo. A EIA (Agência de Informações em Energia) dos Estados Unidos, por exemplo, crê que o consumo está superior à demanda, o que resultará em uso de estoques nos próximos meses, empurrando as cotações novamente para a casa dos US$ 80 por barril. "Os cortes de produção da Opep indicam que há menos óleo sendo produzido do que sendo consumido globalmente", escreveu, em relatório. Procurada, a Petrobras disse que não antecipa decisões de reajuste . A estatal costuma dizer também que sua política de preços mitiga o repasse de volatilidades externa, "proporcionando períodos de estabilidade de preços aos nossos clientes".

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Mercado de carros cresce e chineses se beneficiam de estoque preparado antes de volta do imposto

Desde que o governo anunciou a volta gradativa do Imposto de Importação em carros elétricos e híbridos, o tributo já foi elevado duas vezes, em janeiro e julho. Mas, até agora, as marcas chinesas, principais importadoras desses veículos, não elevaram os preços.dade de seu jornalismo. Para evitar o repasse imediato, essas empresas se prepararam. Anteciparam a importação de altos volumes de veículos e hoje contam com estoque suficiente para manter preços por mais algum tempo. A Anfavea, associação que representa os fabricantes já instalados no Brasil, se queixa da situação. Na semana passada, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, disse que o nível de estoques dos elétricos e híbridos chineses chegou a mais de 86 mil em junho, véspera da segunda etapa do aumento do imposto. Para continuar a leitura, clique aqui.

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