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Petrobras prioriza restauração da amazônia após receber créditos de carbono

A Petrobras recebeu a íntegra dos créditos de carbono gerados em uma área da Amazônia com desmatamento, comprados por meio de um contrato sigiloso, e considera que a contratação já não está em vigência. Após essa primeira experiência no mercado de créditos de carbono, usados para compensar as emissões de gases de efeito estufa de uma gasolina lançada pela estatal, a empresa passou a priorizar uma outra modalidade para a geração desses créditos: a restauração de áreas degradadas da floresta. O primeiro contrato, cujos preços pagos são mantidos em segredo até hoje, levou a uma compra de 175 mil créditos de carbono, o equivalente a 175 mil toneladas de CO2 que seriam evitadas e a uma alegada preservação de 570 hectares de floresta na região de Feijó, no Acre. O negócio foi comunicado ao mercado em setembro de 2023. Com esses créditos, a Petrobras pôde lançar uma gasolina "carbono neutro", pois a aquisição dos títulos do projeto Envira Amazônia permitiu uma compensação de CO2, a partir de um desmatamento evitado de floresta, segundo a divulgação feita pela estatal. O projeto, porém, tem falhas, como a Folha mostrou em reportagens publicadas em setembro e em dezembro de 2023. Além disso, a empresa já negou por diversas vezes à reportagem endash;inclusive por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação)endash; o fornecimento do contrato que garantiu a compra dos créditos. A decisão de esconder o contrato foi validada pela CGU (Controladoria-Geral da União). Houve desmatamento na área do projeto, inclusive de forma crescente a partir do quinto ano de implementação da iniciativa; a base de dados sobre desmate, usada para o cálculo dos créditos, foi considerada "não plausível"; famílias de seringueiros vivem há gerações na área e há contestações quanto à propriedade de terrenos. Diante dessa realidade, o segundo momento da Petrobras no mercado de carbono se voltou para uma iniciativa de geração dos créditos a partir do reflorestamento, e não da comprovação de um desmatamento evitado. No último dia 31, a estatal de petróleo e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) lançaram um programa com o propósito de contratação de créditos de carbono gerados a partir da restauração florestal na Amazônia, chamado ProFloresta+. O programa prevê a recuperação de até 50 mil hectares de áreas degradadas e a captura de 15 milhões de toneladas de carbono, o equivalente a emissões anuais de quase 9 milhões de carros movidos a gasolina, segundo a estatal. Esses 15 milhões de toneladas correspondem a 15 milhões de créditos de carbono. Um primeiro edital vai resultar na compra de até 5 milhões de créditos, segundo a Petrobras. A minuta do edital foi submetida a consulta pública, com possibilidade de sugestões na elaboração do documento. O BNDES fará o financiamento a projetos de empresas interessadas no reflorestamento. A Petrobras garantirá a compra em contratos de longo prazo, com preço definido em licitação. A estatal não descarta a compra de créditos de carbono pelo modelo antigo, o de desmatamento evitado. "Os esforços não são excludentes e nossa estratégia envolve a atuação em restauro e em preservação, sempre atendendo aos melhores critérios internacionais de certificação de carbono", disse a Petrobras, em nota. "Em ambos os casos estamos voluntariamente contribuindo para a restauração e manutenção das florestas." O ProFloresta+ foi desenvolvido durante 12 meses, conforme a empresa. A primeira compra de créditos de carbono, de um projeto que não trabalha com o reflorestamento, mas com o desmatamento evitado, seguiu "as melhores metodologias mundiais de certificação de créditos", afirmou a Petrobras. "Não há o que se falar em vigência de contrato, pois foi uma contratação elsquo;spotersquo; e todos os créditos foram transferidos para a Petrobras no momento da compra", cita a nota. O preço pago não foi divulgado para que não fosse criada uma expectativa de preços no mercado, disse a estatal. "O contrato tem caráter confidencial entre as partes. Trata-se de natureza distinta da documentação do ProFloresta+, que se encontra atualmente em consulta pública." Quando comunicou a primeira compra feita, em setembro de 2023, a Petrobras disse que o plano estratégico para o período de 2023 a 2027 prevê outras operações no mercado de carbono. O gasto previsto é de US$ 120 milhões (R$ 708 milhões, pela cotação do dólar nesta quinta-feira (10) para a compra de créditos.

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Tarifaço e petróleo tiram R$ 89 bilhões da Petrobras na B3

Desde que começou o tarifaço de Donald Trump, a Petrobras perdeu R$ 88,8 bilhões em valor de mercado na B3. Com esse desempenho, a companhia voltou ao patamar de agosto de 2023, quando suas ações valiam R$ 415,5 bilhões. Boa parte desse desempenho reflete o preço do petróleo, que caiu 15% desde que a guerra comercial deflagrada pelos EUA teve início. Segundo a consultoria Elos Ayta, a queda entre 2 de abril e esta quinta (10) chegou a 17% e o petróleo Brent caiu 15% no mesmo período. A preocupação dos investidores brasileiros é de que o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA leve o mundo a uma recessão, fazendo reduzir a procura por petróleo. Além disso, há pressão pela Opep+, grupo formado pelos principais países exportadores de petróleo, de aumentar a produção neste trimestre, o que forçará o preço ainda mais para baixo.

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Projeto regulamenta formulação de gasolina e óleo diesel por empresas

O Projeto de Lei 4257/24 proíbe a formulação de gasolina e óleo diesel por empresa não autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) até a data de publicação da futura lei. A proposta, em análise na Câmara dos Deputados, permite a manutenção das atividades desde que a empresa cumpra alguns requisitos, como não prestar serviço para outro formulador. O texto estabelece outras medidas para o segmento, entre elas: os formuladores deverão entregar a cada seis meses as certidões negativas de débitos junto ao Fisco e de antecedentes criminais dos proprietários; o descumprimento poderá acarretar interdição e até revogação da licença (após processo administrativo); as mesmas regras deverão ser seguidas pelas refinarias dedicadas à formulação de combustíveis. Adulteração de combustíveis A atividade de formulação consiste na mistura de hidrocarbonetos para a produção de gasolina e óleo diesel. O formulador adquire a molécula, em geral, no exterior. Atualmente, o segmento é regulado por uma norma da ANP. O autor do projeto, deputado Julio Lopes (PP-RJ), afirma que o objetivo é combater as reiteradas denúncias de adulteração de combustíveis e sonegação de impostos por empresas formuladoras. eldquo;Os formuladores, como se sabe, limitam-se a promover a mistura de correntes de derivados de petróleo adquiridas, no mais das vezes, do exterior, sem em nada contribuir para o aumento da capacidade de refino de petróleo do Paíserdquo;, diz Lopes. Próximos passos O projeto será analisado em caráter conclusivo nas comissões de Minas e Energia; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.

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Queda de preço dos combustíveis pode ser oportunidade para Brasil com tarifaço, diz Silveira

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, nessa quinta-feira, que a queda dos preços dos combustíveis poderá ser uma "oportunidade para o Brasil", em meio ao "tarifaço" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Silveira fez referência às quedas do petróleo nos últimos dias. Após participação no Fórum Brasileiro de Líderes em Energia Elétrica, no Rio de Janeiro, o ministro chamou as medidas tomadas por Trump de "bravataria" e "equívocos". "A Magda está viajando para Nova Iorque. Eu estou muito confiante que esse atabalhoamento, essa bravataria e esses equívocos na relação com o mundo que comete o presidente Trump vai gerar oportunidades para o Brasil e uma delas, que já está muito presente é a possibilidade de diminuir o preço de combustível, que é fundamental para o ciclo virtuoso da economia nacional." Alexandre Silveira disse que ainda não conversou com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sobre a redução do preço dos combustíveis, mas que a estatal tem condições de atuar nesse sentido.

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Combustíveis do futuro: algas são promissoras fontes de energia

As algas estão ganhando destaque como alternativa para a produção de biocombustíveis, apresentando grandes vantagens em relação às fontes convencionais. Estes microorganismos oferecem alto rendimento energético e menor impacto ambiental, características essenciais em um cenário de crescente preocupação com sustentabilidade e busca por alternativas aos combustíveis fósseis. Diferentemente da soja e do milho, matérias-primas tradicionais para biocombustíveis, as algas não disputam espaço com a produção alimentar nem requerem áreas agrícolas produtivas para seu desenvolvimento. Esta característica permite o aproveitamento de espaços ociosos e a utilização de recursos hídricos de baixa qualidade. Microalgas como Chlorella e Nannochloropsis demonstram potencial produtivo impressionante, gerando até 30 vezes mais óleo por hectare em comparação com culturas terrestres utilizadas para fins energéticos. Durante seu crescimento, estes organismos absorvem dióxido de carbono, contribuindo simultaneamente para a redução de gases poluentes na atmosfera. Do cultivo ao combustível O processo produtivo inicia-se com o cultivo das algas, realizado em tanques abertos ou fotobioreatores. A primeira opção representa solução mais simples e econômica, enquanto a segunda permite controle preciso de fatores como luminosidade, temperatura e nutrientes, otimizando a produção. Após o período de crescimento, as algas passam por um processo de separação do óleo, executado por prensagem mecânica ou mediante solventes químicos. O método mecânico apresenta maior sustentabilidade e acessibilidade, enquanto o químico, apesar de exigir controle técnico mais rigoroso, proporciona rendimento superior. O óleo extraído necessita purificação antes da etapa final, denominada transesterificação. Esta fase envolve reação química com metanol ou etanol na presença de catalisador, transformando o óleo em biodiesel e glicerina, resultando em combustível compatível com motores diesel convencionais. Interesse comercial crescente Empresas como a BRK Technology estão investindo no desenvolvimento de biocombustíveis derivados de algas. Segundo Jin Wong, CEO da companhia, estes produtos representam solução promissora para organizações que buscam reduzir sua pegada de carbono mantendo eficiência operacional. O setor empresarial enfrenta pressão crescente para diminuir emissões, e os biocombustíveis de algas oferecem alternativa sustentável e escalável. Uma vantagem adicional é a possibilidade de integração à infraestrutura existente, permitindo a adoção de energia mais limpa sem grandes investimentos em novas tecnologias. À medida que as metas globais de sustentabilidade tornam-se mais ambiciosas, os combustíveis derivados de algas podem desempenhar papel crucial no atendimento dessas demandas. O desenvolvimento contínuo desta tecnologia promete transformar o setor energético e contribuir para os esforços de proteção ambiental em escala global.

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IMO: EUA abandonam negociações e Brasil embarca com biocombustíveis

Enquanto delegações de 175 países membros da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) discutem qual será o mecanismo para a descarbonização de navios no horizonte até 2050, representantes da indústria de biocombustíveis e cientistas brasileiros estão mobilizados para comprovar a sustentabilidade da produção agrícola nacional. Na tarde desta quinta (10/4), em Londres, onde ocorre o debate na sede da IMO, a delegação de empresários e pesquisadores apresentou um compilado de mais de 80 estudos internacionais para rebater críticas, especialmente europeias, aos produtos de primeira geração baseados em culturas como cana, milho e soja. O trabalho liderado pela professora da USP e coordenadora do programa de Pesquisa em Bioenergia Fapesp, Glaucia Souza, traz subsídios para a delegação brasileira na IMO, na medida em que rebate uma das principais críticas ao etanol e biodiesel: a concorrência com a produção de alimentos. eldquo;Estamos oferecendo evidências de que a produção de biocombustíveis não compete com a produção de alimentoserdquo;, conta a pesquisadora que também é líder da Força-Tarefa de Descarbonização do Transporte com Biocombustíveis da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês). É uma corrida contra o tempo para mostrar ao mundo que existem outras soluções para substituir combustíveis fósseis em navios, além dos derivados de hidrogênio que têm ganhado cada vez mais espaço no debate. Pelo cronograma da IMO, até sexta-feira (11/4) é esperada uma definição sobre o caminho que será adotado para alcançar emissões líquidas zero no setor até 2050. A decisão precisa ser consensual e será obrigatória endash; muito semelhante ao que ocorreu na aviação civil em 2016. Há duas propostas principais sobre a mesa: uma taxa de carbono para financiar a transição e um mecanismo de conformidade de flexibilidade, para reconhecer quem investe em combustíveis de baixo carbono. Defensor do mecanismo de flexibilidade, o Brasil tem se posicionado contra uma taxação por entender que terá um peso maior sobre o frete de longa distância, com impactos econômicos sobre países emergentes, principalmente no Sul Global. Outro ponto de preocupação é com barreiras aos biocombustíveis. Brasil perdeu o voo, mas não o navio A mobilização tenta garantir que as especificidades brasileiras e de países emergentes do Sul Global sejam levadas em conta no mecanismo da IMO, evitando acordos que criarão novos custos e mudanças bruscas na produção e consumo desses mercados a partir de uma imposição de tecnologias do Norte. eldquo;A indústria da aviação se organizou antes e pegou os biocombustíveis, e o Brasil em geral, um pouco no contrapé. Quando ela determinou as características e as exigências que ela tem como premissa básica, predominou a ótica europeia. Agora, na IMO, estamos conseguindo chegar junto antes de uma decisãoerdquo;, comenta Camilo Adas, diretor de Transição Energética da Be8 e um dos revisores do compilado. A produtora de biocombustíveis anunciou no final de março uma parceria com a Vast, no Porto do Açu, em busca de clientes para o biodiesel no transporte marítimo. Em entrevista à agência eixos, Adas, que também integra o grupo de trabalho do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) para Transição Energética da Indústria Naval, avalia que o Brasil aprendeu a lição com o esquema da aviação internacional (Corsia) e se reorganizou nos últimos quatro anos para abordar a transição energética justa. Leia a matéria completa EUA abandonam negociações O debate sobre a descarbonização marítima também precisará lidar com o efeito Trump. Na quarta (9/4), os Estados Unidos decidiram se retirar das negociações em Londres, em mais uma medida contra a ação climática do presidente republicano. O governo norte-americano informou ainda que considerará eldquo;medidas recíprocaserdquo; para compensar quaisquer taxas cobradas de seus navios e incitou outros países a seguirem seu exemplo. (Um Só Planeta) eldquo;Os EUA rejeitam toda e qualquer tentativa de impor medidas econômicas contra seus navios com base nas emissões de GEE ou na escolha do combustívelerdquo;, informou a administração de Donald Trump, segundo a Reuters. eldquo;Se uma medida tão flagrantemente injusta for adotada, nosso governo considerará medidas recíprocas para compensar quaisquer taxas cobradas de navios dos EUA e compensar o povo norte-americano por qualquer outro dano econômico decorrente de quaisquer medidas de emissões de GEE adotadaserdquo;.

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