29/03/2019
Após ter atingido R$ 4 pela primeira vez em quase seis meses na manhã de ontem, o dólar comercial fechou em queda, reagindo à intervenção do Banco Central e ao sinal de apaziguamento das tensões entre Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. A divisa americana terminou recuando 1,01%, a R$ 3,914. No mercado de ações, a Bolsa subiu 2,7%, aos 94.388 pontos, recuperando boa parte do tombo de 3,6% da véspera.
A moeda americana iniciou os negócios batendo R$ 4 logo na abertura. Desde 1º de outubro do ano passado, quando chegou a R$ 4,063 durante a sessão, a divisa não alcançava esse patamar. Os investidores reagiam à troca de farpas públicas entre
Maia e Bolsonaro e à fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Senado na quarta-feira, que provocaram temores de que a reforma da Previdência fosse desidratada. Mas, no fim da manhã de ontem, Bolsonaro afirmou que tudo havia sido superado.
— Foi uma correção diante do movimento exagerado de ontem, quando o investidor estrangeiro se viu diante de um risco de não haver reforma. A movimentação política foi de apaziguamento — afirmou o gestor de investimentos Paulo Petrassi. — Mas não é para comemorar. O governo demonstra fraqueza na articulação política. O dólar mostrou que pode chegar a R$ 4 rapidamente.
Na tentativa de conter a alta do câmbio, o BC promoveu ontem um leilão de linha — venda de moeda com compromisso de recompra no futuro —de US$ 1 bilhão. Foi a primeira atuação na gestão de Roberto Campos Neto, iniciada no fim de fevereiro.
—A atuação do BC foi correta, mostrou que entrará no mercado quando a cotação chegar a R$ 4 — avaliou Petrassi.
Hoje haverá outro leilão, de US$ 3 bilhões, para rolagem de contratos que venceriam em 2 de abril.
O dólar turismo em espécie, por sua vez, chegou a ser negociado a R$ 4,20 pela manhã, recuando a R$ 4,09 no fim do dia. O euro turismo, também em papel-moeda, passou de R$ 4,70 a R$ 4,61 nas casas de câmbio do Rio.
Na Bolsa, a alta foi generalizada: apenas três dos 65 papéis que compõem o Ibovespa caíram. O Bradesco avançou 5,08%, e o Itaú Unibanco avançou 3,96%. A Petrobras subiu 1,67% (ON, com voto) e 2,63% (PN, sem voto).
Fonte: O Globo